Meio Ambiente
20/07/2013 11:59:34
Artigo: A dignidade pessoal e de uma classe vale mais que um acordo descumprido
(*) Ruy SantAnna é jornalista e advogado.
Ruy SantAnna
\n \n Ontem\n disse aqui: creio que novos rumos estão a caminho para a saúde pública\n brasileira. Hoje digo com satisfação e uma ponta de orgulho nacional que o\n Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB), a\n Federação Nacional dos Médicos (FENAM) e Associação Nacional dos Médicos\n Residentes (ANMR), iniciaram ontem (sexta-feira 19/07) a retirada de seis\n comissões que integraram no governo federal e outros cinco colegiados do\n Conselho Nacional de Saúde. O que era uma brisa tornou-se um vento que varre\n para longe qualquer dúvida que poderia existir, por parte do povo, sobre a\n conduta honesta e honrada da classe médica.\n \n Assim,\n iniciam a burocracia de desligamento de todas as câmaras, comissões e grupos de\n trabalho do Ministério da Saúde, bem como do Conselho Nacional de Saúde.\n \n Dilma\n é mal intencionada e quer mesmo culpabilizar a classe médica, pela frouxidão\n administrativa de seu governo na saúde pública brasileira. Já colocou seu bloco\n de desinformação na rua, enquanto gasta propaganda em rádio e televisão sobre a\n saúde pública deficitária, como se fosse padrão FIFA. Para ela tudo está nas\n costas dos médicos.\n \n Dilma\n ainda quer dividir a classe médica, no velho estilo de dividir para somar.\n Dividir a classe e somar para seu lado palaciano cheio de benesses, para quem\n queira mordomias.\n \n Para\n que a presidente Dilma convidou e teve 11 colegiados da classe médica junto ao\n seu governo e Ministério da Saúde?\n \n Ela\n não queria colaborações nenhuma. Pretendia a conivência aos seus desmandos, e\n que os médicos ficassem calados porque estariam no governo.\n \n Achou\n (como gosta de achar...) que através dos colegiados médicos no seu governo\n estaria garantida com essa classe. Mas, caiu. Foi o primeiro tombo.\n \n Deu\n um ponta pé de saci, nos médicos. Quem se estabacou foi o governo e sua base\n aliada.\n \n A\n classe médica acaba de dar um exemplo à Nação brasileira, com esse desligamento\n maciço do governo federal.\n \n Nada\n vale mais que a dignidade pessoal e de uma classe à qual se representa.\n \n O\n País precisava de um exemplo dessa envergadura, mundial. A partir desse\n instante seremos melhores vistos no concerto entre as nações. A classe médica\n pode se orgulhar mais ainda da representação que têm.\n \n Se\n cada uma e todas as instituições brasileiras fizerem a sua parte, o País e a\n Nação se fortalecerão. A renúncia, nessas horas é fundamental para se manter\n moralmente de pé.\n \n O\n que o governo federal passou para os médicos é que eles colaborariam na elaboração\n de proposta de provimento e fixação de profissionais médicos em situação de\n escassez no SUS, no prazo de 60 dias. Essa foi a gota dágua que transbordou\n ou foi o mel que tentaram passar na boca dos médicos, que causou repugnância,\n desandou tudo e concluiu no rompimento entre as representações médicas e o\n governo federal.\n \n Todas\n as vezes em que disse que Dilma trapaceava, e que dizia uma coisa na frente da\n imprensa e pelos bastidores políticos tramava sua teia eleitoreira, exibe-se,\n agora, na feiura de atitudes como a denunciada pela Federação Nacional dos\n Médicos (FENAM).\n \n Dilma,\n Padilha e Mercadante, debocharam, fez pouco caso da classe médica, ao chamá-la\n para um trabalho digno. Por quê?\n \n Porque\n com pouco mais de duas semanas, após os médicos terem aceitado participar de um\n núcleo de estudo sobre a saúde pública, a presidente Dilma sorrateira e\n indignamente anunciou o programa Mais Médicos.\n \n Convidou\n as máximas representações da classe médica para estudos, no prazo de 60 dias\n e com pouco mais de duas semanas de união, anunciou o Mais Médicos traindo\n aos médicos.\n \n O\n grau de indignação da classe está nesta frase: "Foi criado um grupo de\n trabalho de fantasia, uma enrolação para os médicos. O governo atropelou, é um\n desrespeito", criticou o presidente da FENAM, Geraldo Ferreira Filho.\n (argumento da Folha de São Paulo).\n \n Se\n a presidente Dilma e seus ministros da Saúde e Educação estivessem focados na\n solução real dos problemas da saúde, se não quisessem enrolar como fazem\n claramente, teria mandado sua base de sustentação no Congresso Nacional aprovar\n a PEC 39. Essa Proposta de Emenda Constitucional determinava que 10% do PIB\n teriam que ir para a saúde.\n \n Por\n quê? Porque essa tranqueira toda está assim em consequência de o governo\n federal destinar só 3,7 do PIB à saúde.\n \n Se\n o governo estivesse com interesse na solução dos problemas da saúde teria sim\n aconselhado sua base aliada para aprovar toda e qualquer PEC que lhe desse\n condições de administrar esse importante setor da vida nacional.\n \n Vira\n e mexe, cai-se na promessa do ministro chanceler do Itamaraty quando no ano\n passado compromissou o País com a importação de 6.000 médicos cubanos. Então\n a ideia é que se estabeleça o pior caos, para aí serem aceitos os cubanos como\n salvadores da pátria. Para tanto contavam com o compromisso assumido pelo\n ministro chanceler do Itamaraty Antonio de Aguiar Patriota, que teria aberto as\n portas do Brasil para Cuba.\n \n Nunca\n foi dito pelos médicos que eles são contra o Sistema Único de Saúde. Os médicos\n estão pelo país adentro ajudando o SUS, nas residências médicas, dentro da\n formação profissional sem remuneração e por dois anos. Para que mais dois anos\n de SUS após a conclusão da residência médica?\n \n Infelizmente,\n o investimento do governo federal na saúde é muito baixo. O Brasil investe\n menos que alguns países da África. A falta de médicos é consequência do descaso\n com a saúde. Todas as pesquisas apontam a saúde com a pior avaliação entre os\n demais importantes setores da vida nacional.\n \n Aproveitemos\n este fim e próximo começo de semana, para descansar, amar e viver o mais\n plenamente possível. Bom dia, o meu bom dia pra vocês.\n \n (*)\n Ruy SantAnna é jornalista e advogado.\n \n \n \n \n