\n \n Uma\n regra que consta em todas as listas sobre práticas para o sucesso na gestão dos\n negócios, diz que é preciso haver uma completa separação do patrimônio que\n pertence à pessoa física do sócio e o da pessoa jurídica. Mesmo assim, por mais\n que a regra seja do conhecimento de empreendedores e empresários experientes, é\n mais comum encontrar confusão patrimonial e também de interesses, do que a\n separação recomendada.\n \n Responder\n o porquê isso acontece não é tarefa simples e mesmo que se encontre a resposta\n certa, não significa que passará a ser praticada com facilidade. É possível que\n essa regra seja uma das mais difíceis de ser seguida por donos e dirigentes de\n empresa, mesmo naquelas já consolidadas no mercado. Para confirmar, basta\n observar que grandes empresas abordam o tema ao construírem seus sistemas de\n governança corporativa e que nos relatórios de auditoria, recomendações de\n melhorias das práticas e controles relacionados com o tema são comuns.\n \n Há\n que se considerar que essa segregação não diz respeito apenas e tão somente aos\n bens corpóreos da empresa e dos sócios, como dinheiro, carros e dependências,\n mas considera também a necessidade de separar interesses pessoais dos\n empresariais. O tema é complexo e discutir com profundidade a ponto de entendê-lo\n demanda tempo e dedicação, visto que envolve questões que permitem abordagens\n de profissionais de diversas áreas do conhecimento, passando por administração,\n economia, direito, psicologia, sociologia, ética, etc.\n \n Principalmente\n em empresas de sucesso, quem decide passa a ter que lidar com pressões internas\n e externas, cujo tipo e origem aumentam e dificultam o gerenciamento com\n eficiência. Pressões com origem em pessoas que ele não gosta de decepcionar por\n questões de ordem sentimental e emocional ou decorrente das características da\n própria pessoa, como ego, exibicionismo, demonstração de poder, entre outros,\n contribuem bastante para dificultar uma atuação mais firme do administrador.\n \n Devido\n a tudo isso, cabe citar alguns pontos para alertar aqueles que estão se\n iniciando como empreendedores, donos ou gestores de pequenas, médias ou grandes\n empresas.\n \n Remuneração:\n o salário do dono que trabalha na empresa deve ser compatível com a capacidade\n financeira da corporação e o parâmetro deve ser o mesmo que é pago a um\n profissional que exerce funções semelhantes no mercado.\n \n Bens:\n a empresa deve ser equipada apenas com bens cuja finalidade seja exclusivamente\n para o alcance dos seus objetivos. Nada de comprar itens apenas para satisfazer\n o ego de seus donos. Os bens da empresa devem ser de uso comum dos funcionários\n e ser úteis para a execução dos trabalhos.\n \n Horário\n de trabalho: mesmo o dono da empresa deve procurar estabelecer uma rotina de\n trabalho que atenda aos interesses da empresa. Evite marcar compromissos\n pessoais em horário comercial e, da mesma forma, procure não trabalhar em horas\n de lazer.\n \n Transações:\n os recursos provenientes de empréstimos contraídos e despesas incorridas em\n nome da empresa devem ser utilizados no desenvolvimento das atividades da\n mesma. Usar cartões corporativos para sanar despesas pessoais está fora de\n cogitação.\n \n Contratação:\n se um profissional contratado for um familiar ou amigo, convém que o critério\n usado seja apenas a capacidade em realizar eficientemente as tarefas do cargo e\n resolver problemas. Não cabe uma escolha pautada nas questões de ordem\n sentimental. Não deixe a empresa se tornar um cabide de empregos.\n \n Compras\n e vendas: as compras e vendas feitas pela empresa devem ter como parâmetro os\n preços e práticas do mercado, sem benevolências e que tirem a eficiência da\n empresa. Nada de ter fornecedores que cobram mais caro sem oferecer um\n benefício elevado em\n troca. Também não venda mais barato aos amigos, sacrificando\n assim a lucratividade e principalmente a sustentabilidade da empresa.\n \n “Caixa\n dois”: não convém aceitar ofertas do mercado onde o dinheiro da venda realizada\n deixa de entrar no caixa da empresa, assim como pagar dívidas da empresa com\n dinheiro da pessoa física. Mantenha as contas da empresa sempre em ordem com a\n contabilidade.\n \n Em\n suma, entenda que sua empresa não é um bem único e exclusivo seu, que deve\n favorecer apenas aos seus interesses. Lembre-se que a empresa é da sociedade,\n da comunidade onde está inserida e principalmente dos seus funcionários. Todos\n são interdependentes dela e, tomar atitudes descabidas pode colocar sua própria\n existência em\n risco. Mantenha-se na posição de presidente, como um\n funcionário que recebe salário para tomar as melhores decisões para todos.\n \n (*) Vagner Miranda Rocha é\n administrador de empresas e sócio da VSW Soluções Empresariais.\n \n \n \n \n