VERSÃO DE IMPRESSÃO
Meio Ambiente
03/01/2012 08:01:34
USINAS DA MORTE - parte 2
USINAS DA MORTE (parte 2)

*Saulo Moraes

Foto: Ilustração
\n No mês de junho de 2010 noticiamos através do jornal A Tribuna (Rondonópolis-MT) a visita no rio Correntes (MT/MS) do representante do Ministério Público Federal lotado no município de Corumbá-MS, da imprensa escrita de Campo Grande (Correio do Estado) e da ONG “Ecoa rios vivos”, bem como da mobilização dos moradores de Coxim-MS visando a não construção das mais de duas dezenas de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) na principal microbacia da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, que é composta pelos rios Taquari, Coxim e Jauru.

Essa preocupação das autoridades e da comunidade visou justamente a tutela do meio ambiente, principalmente a região do pantanal onde a água dita o ritmo de milhares de vidas (pessoas, animais e plantas), vez que todos esses organismos estão ameaçados pela instalação de uma centena dessas PCHs na Bacia do Alto Paraguai, que é a maior responsável pelo regime de inundações periódicas que fazem da região o Patrimônio da Humanidade. Repito novamente as palavras de Débora Calheiros, bióloga e pesquisadora da Embrapa Pantanal, quando faz sério alerta afirmando que “Desmatamento e criação de gado de forma equivocada são problemas possíveis de minimizar. Os impactos das pequenas centrais não são”. O pior é que essas “PCHs” estão isentas da compensação financeira destinada aos municípios, estados e União, sendo sua produção vendida para outros estados, não trazendo assim nenhum benefício ou progresso aos municípios onde é gerada a energia.

As mortes dos animais já começaram a ocorrer nesse período onde deveria existir abundância de água no pantanal. A prova são os jacarés morrendo às margens da Transpantaneira ali logo na saída de Poconé-MT. Estive lá nessa terceira semana de dezembro de 2011 e pude constatar in loco a agonia desses aligatorídeos pela falta de água nos alagadiços e pequenas baías existentes ao longo dessa estrada que atravessa o pantanal. Não precisa ser estudioso no assunto para compreender a causa de o pantanal estar seco nesse início das chuvas: as usinas aproveitam as águas para encherem seus imensos reservatórios (o lago do rio Manso é um deles) e com isso atrasa a enchente no pantanal. A natureza, ah, ela que espere o homem satisfazer sua ganância! Cadê nossos políticos? Cadê a CPI das PCHs? (*) Saulo Moraes é advogado e jornalista (sauloadv1@hotmail.com)\n \n