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Ataques criminosos continuaram pela sexta noite seguida, nesta segunda-feira (7), no Ceará. Ônibus foram incendiados na capital e nos municípios de Aracati e Maranguape, na Grande Fortaleza. O carro de uma autoescola também foi queimado e um homem ficou ferido. Na madrugada desta terça-feira (8), foi registrada uma explosão em uma ponte no município de Caucaia.
Desde quarta-feira (2), ocorreram 159 ações que tiveram como alvo coletivos, prédios públicos, comércios e agências bancárias. Na quinta-feira (3), a Força Nacional foi chamada para reforçar a segurança e enviou, inicialmente, 300 agentes. Já nesta segunda, o governo anunciou que outros 200 policiais da Força Nacional seriam enviados para o estado devido à continuação dos ataques. Pelo menos 106 agentes desse efetivo extra já chegaram ao Ceará para atuar nas ruas.
O governador Camilo Santana informou nesta terça que a polícia capturou 170 pessoas envolvidas nos crimes. Vinte prisões ocorreram nas últimas horas, segundo o governador. "Outras [pessoas] estão em investigação e poderão ser presas a qualquer momento", disse.
A onda de ataques coordenada por chefes de facções criminosas teve início após o secretário da Administração Penitenciária do Ceará, Luís Mauro Albuquerque, prometer uma fiscalização mais rigorosa nos presídios e acabar com divisão de presos por facção criminosa. A secretaria da Administração Penitenciária foi criada em 1º de janeiro deste ano, quando tomou posse o governador reeleito do Ceará, Camilo Santana.
Ações na capital
Em Fortaleza, dois ônibus foram incendiados na região da Grande Messejana na noite de segunda. O primeiro caso aconteceu por volta das 21h, no Bairro Pedras. Já o segundo caso foi às 22h, na Rua Joaquim Machado, no Bairro Parque Santa Rosa. Não há informações sobre feridos.
Na madrugada desta terça, os ônibus do transporte público foram recolhidos devido aos crimes. Durante a manhã, os veículos voltaram a circular, mas desviando a rota para evitar os locais onde os ataques são mais comuns.
O carro de uma autoescola também foi incendiado em Fortaleza. O instrutor, que estava no veículo, teve queimaduras e foi levado para um hospital.
Ataques na Região Metropolitana
Na madrugada de terça, segundo a Polícia Militar, criminosos explodiram uma bomba na Ponte dos Tapebas, situada na BR-222, no município de Caucaia. O ataque ocorreu por volta das 2h e danificou parte da estrutura.
Na cidade de Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza, um micro-ônibus que fazia a linha Pau Serrado/Tabatinga foi incendiado durante a noite, na rodovia CE-065. O trânsito no local ficou congestionado. De acordo com a Polícia Militar, os suspeitos fugiram.
Na segunda, lojas foram fechadas na Grande Fortaleza após ameaça de criminosos. Em Chorozinho, município a cerca de 70 km de Fortaleza, houve ataque a lojas na madrugada de segunda. Além de incêndios, os criminosos passaram pelas ruas atirando contra diversos pontos comerciais. No interior do estado
Em Aracati, a 150 km da capital, um ônibus foi incendiado próximo à rodoviária, na Rua Coronel Alexandrino, na noite desta segunda. O fogo teve início por volta das 23h, quando moradores chamaram o Corpo de Bombeiros. O veículo ficou destruído.
Motivação dos ataques
De acordo com o secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, a nomeação do novo secretário de Administração Penitenciária do estado, Luís Mauro Albuquerque, provocou a onda de ataques. Costa disse que "a criminalidade já conhecia o trabalho" do novo gestor da pasta que administra os presídios do Ceará.
A sequência de ações criminosas ocorreu após uma fala de Mauro Albuquerque, que prometeu fiscalizar com mais rigor a entrada de celulares nos presídios. Desde o início da onda de crimes, agentes penitenciários apreenderam 407 aparelhos em presídios.
Após os ataques, um dos chefes de uma facção criminosa foi transferido para um presídio federal. Dezenove detentos também devem ser levados para outras unidades prisionais nos próximos dias.
De acordo com uma fonte do Serviço de Inteligência da Secretaria da Segurança ouvida pelo G1, membros de duas facções rivais fizeram um "pacto de união", com o objetivo de "concentrar as forças contra o Estado". Em pichações em prédios públicos de Fortaleza, criminosos escreveram que "não vão parar até o secretário sair". "Fora Mauro Albuquerque", diz a mensagem.