Folha/PCS
Os grupos de trocas de mensagem entre caminhoneiros mudaram as fotos na noite desta quinta-feira (24) para uma em que diz "a greve continua", após o anúncio do acordo do governo com oito entidades da categoria. Os motoristas autônomos disseram que não deixarão as rodovias.
“Os supostos sindicatos que estão negociando não representam os caminhoneiros que estão na rua”, disse o motorista Aguinaldo José de Oliveira, 40, que trabalha com transportes há 22 anos e para quem o movimento não tem um líder específico.“São uns aproveitadores que não falaram com a gente antes da greve e chegaram agora, quando já estava tudo parado”, afirma o caminhoneiro que está na av. Anhanguera, em Campinas. “Nos mais de 30 grupos de WhatsApp que participo, ninguém aceitou esse acordo.”
Segundo ele, os caminhoneiros pretendem manter a paralisação porque o acordo não atinge as suas principais reivindicações. “São 14 itens que a gente nem conhece. O principal é a redução do diesel, mas não essa esmola temporária de 15 centavos.”
Segundo o documento, o governo irá manter a redução de 10% no valor do óleo diesel nos próximos trinta dias.
Outro caminhoneiro de 48 anos, parado em Campina Grande, na Paraíba, e que preferiu não se identificar, também reclamou de pontos que não aparecem no acordo feito em Brasília.
“Por que só caminhoneiros têm que usar tacógrafo e fazer exames toxicológicos?” Para ele, ou todos os motoristas são obrigados a cumprir tais exigências ou nenhum.
“Pagamos R$ 400 para um exame toxicológico, além do IPVA, do diesel e ainda temos que pagar pedágios caros, que não aparecem no acordo”, disse. “Não está faltando nem comida, nem bebida para gente, vamos continuar nas estradas”, afirmou o caminhoneiro.
Parado na rodovia Washington Luiz, no Rio, Leonardo Rocha, 40, que transporta cimento há mais de 20 anos, também fez críticas e afirmou que continuará sem trabalhar. "Nossos representantes mesmo nem subiram no Planalto", disse.
Para ele, o acordo não é vantajoso porque é temporário. "Também diminuíram o preço do diesel há dois anos após protestos, mas logo depois aumentaram de novo. O plano pró-caminhoneiro na verdade foi pró-empresário", afirmou.
"O governo tem desfalque nas contas públicas e nós que temos que pagar a conta?", questionou ele.