G1/PCS
O advogado Tiago Cedraz – filho do ministro Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União (TCU) – é um dos alvos de busca da 45ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira (23) em Salvador, Brasília e Cotia (SP).
Segundo a TV Globo apurou, há uma intimação para que Tiago Cedraz compareça imediatamente à superintendência regional da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento.
A ação cumpriu quatro mandados de busca e apreensão e é um desdobramento da 44ª etapa, batizada de Abate II, que prendeu o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, líder dos governos Lula e Dilma. O ex-deputado foi solto pelo juiz Sérgio Moro nesta terça (22), e é alvo de um dos mandados de busca.
Segundo a PF, a atual fase investiga dois advogados que participaram de reuniões nas quais o esquema criminoso, com o pagamento de propinas a agentes da Petrobras, teria sido planejado. Eles teriam recebido comissões pela contratação de uma empresa americana pela estatal, mediante pagamentos em contas mantidas na Suíça em nome de off-shore, segundo as investigações.
A PF também detectou a participação de um ex-deputado federal e uma assistente dele na prática dos crimes e no recebimento de pagamentos indevidos.
Citado em delações
Nos últimos anos, Tiago Cedraz se tornou um nome recorrente na Lava Jato. Em julho de 2015, o advogado já havia sido alvo de mandado de busca e apreensão em seu escritório de advocacia, o Cedraz Advogados.
Um dos delatores do esquema de corrupção que agia na Petrobras, o empresário Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, afirmou que o filho de Aroldo Cedraz pediu R$ 1 milhão que seriam destinados ao ministro Raimundo Carreiro, que também integra o plenário do TCU.
Ao prestar depoimento aos procuradores da República, Ricardo Pessoa disse que os pagamentos enviados a Raimundo Carreiro estariam relacionados à licitação de uma das unidades da usina de Angra 3.
Já os pagamentos a Tiago Cedraz, acrescentou o delator, eram feitos para que o filho do então presidente do TCU repassasse informações privilegiadas e antecipadas sobre investigações e julgamentos no tribunal que envolvessem a UTC.
Além disso, em 2016, Pessoa entregou à Polícia Federal uma tabela que indicava pagamentos que somam R$ 2,2 milhões a Tiago Cedraz.
Na delação dos executivos e ex-dirigentes da Odebrecht, o nome de Tiago Cedraz voltou à tona. O ex-executivo da construtora Henrique Pessoa afirmou ao Ministério Público que ficou sabendo que Tiago teria sido contratado, por R$ 1 milhão, para "resolver um problema" que estava parado no TCU.
Em novembro do ano passado, a Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro e Tiago Cedraz.
Vaccarezza solto
Cândido Vaccarezza foi solto após o vencimento da prisão temporária, mas terá que pagar fiança estipulada por Moro de R$ 1.522.700,00.
O pagamento poderá ser feito 10 dias depois da saída dele da cadeia, na noite desta terça-feira (22). Para ter direito ao habeas corpus, ele assinou um termo de compromisso, garantindo que poderá depositar o dinheiro no prazo determinado por Moro.