Agência Brasil/LD
Assistentes sociais e psicólogas do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Interior Sul, em Santa Catarina, elaboraram um material de apoio psicológico, em português, guarani, kaingang e xokleng com sugestões para minimizar os efeitos negativos na saúde emocional dos indígenas durante a pandemia provocada pela covid-19. Segundo boletim epidemiológico divulgado diariamente pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), foram registrados até a quarta-feira (6) 12 óbitos de indígenas no país por causa do novo coronavírus. Existem 163 casos confirmados, 263 casos foram descartados, há 64 casos suspeitos e 97 pacientes foram recuperados.
O documento chamado Bem Viver – Em Tempos de Isolamento Social também oferece informações sobre cuidados básicos de higienização e prevenção.
O guia traz dicas para reduzir a ansiedade entre os povos indígenas. “Procure assistir noticiários apenas uma vez ao dia. Geralmente a edição da manhã é capaz de consolidar tudo o que precisamos saber para ficarmos atualizados. O excesso de informações poderá gerar ansiedade, medo e nervosismo.”
Outra sugestão é manter os cuidados com o corpo. “Tente praticar exercícios, mesmo que dentro de sua casa; usando de uma boa alimentação, com alimentos produzidos na sua aldeia, plantados e colhidos da mãe terra, mantendo a alimentação tradicional, dentro de cada etnia. Prefira frutas e verduras ao invés de alimentos industrializados; e evite o consumo de álcool. Sua saúde física e mental agradece”, destaca o documento. Usar o tempo para aprender também é indicado. “Pense como uma oportunidade de parar e aprender coisas novas, estar próximo de quem ama e olhar para si com cuidado.”
O material de apoio psicológico também indica a preservação da cultura e espiritualidade nos momentos da pandemia. “Mantenha a sua fé, sua espiritualidade; pois ela é a força que vem de dentro de cada um de nós. Continue, mesmo que em sua casa, a cultivar a cultura, ensine seus filhos o artesanato, as danças e a língua. Faça uma horta com ajuda da família, com o cultivo de chás e ervas medicinais. A cultura nos une, nos faz perceber que temos raízes e a espiritualidade nos torna fortes e esperançosos. Busque atendimento com Pajés, Rezadores, Kujás e Sábios (as) da sua etnia, no sentido de fortalecer sua mente, espiritualidade e corporeidade através das rezas, rituais e/ou uso de ervas e remédios preparados e orientados pelos maiores sabedores da sua cultura.” Outras ações
A Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Sesai, vinculada ao Ministério da Saúde, lançaram nesta semana a Campanha Empresa Solidária para receber doações privadas para complementar as ações no enfrentamento, prevenção e controle da pandemia provocada pelo novo coronavírus (covid-19).
“Os povos indígenas dependem economicamente dos recursos naturais para sustento das suas comunidades. Com a continuidade das medidas de isolamento social, os indígenas vêm sofrendo com a impossibilidade de sair de suas aldeias, sem receber turismo e comercializar artesanatos, produtos e alimentos”, diz nota da Sesai.
Para doar é preciso ter Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e se inscrever no edital da Funai até às 18h de 15 de maio. O edital visa dar legalidade e transparência ao processo de doação. Também é preciso informar que tipo de doação será feita e em qual unidade da Federação deverá ser entregue.
Serão aceitos alimentos não perecíveis, itens de higiene e limpeza, roupas, cobertores, agasalhos, insumos e ferramentas agrícolas, sementes, materiais para pesca e máscaras e luvas para proteção individual. As doações serão entregues nas unidades da Funai.
A Sesai é responsável atendimento de atenção primária e articulação com o Sistema Único de Saúde (SUS) para os atendimentos de média e alta complexidade para indígenas que vivem em aldeias. No caso de indígenas que moram em cidades, os atendimentos são feitos diretamente pelos estados e pelos municípios onde residem. Plano de contingência
A Sesai elaborou também um Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus em Povos Indígenas, que define as diretrizes em caso de proliferação da doença. Cada Distrito Sanitário Especial Indígena também já tem um plano com o nível de resposta e estrutura para as diferentes situações visando ao enfrentamento da covid-19.