Veja/PCS
O Ministério Público Federal anexou a um dos processos a que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva responde na Operação Lava Jato uma foto que mostra o petista e o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, juntos no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP). A imagem está incluída em um relatório da Polícia Federal datado do dia 23 de março, que será analisado pelo juiz federal Sergio Moro.
Segundo as investigações da Lava Jato, o pecuarista José Carlos Bumlai e as empreiteiras OAS e Odebrecht reformaram o imóvel rural, que tem como donos dois sócios de Fábio Luís Lula da Silva, primogênito do ex-presidente, mas que pertenceria ocultamente a Lula.
Em seu depoimento à Polícia Federal quando foi alvo de condução coercitiva, em março de 2016, Lula declarou que havia recebido Léo Pinheiro no sítio uma vez, em um churrasco, ocasião em que a foto pode ter sido feita, conforme o relatório da PF. Ao falar a Moro, na semana passada, o petista preferiu não comentar sobre a propriedade no interior paulista, mas reconheceu que recebeu o empreiteiro em seu apartamento, em São Bernardo do Campo (SP), para discutir “a questão da cozinha lá de Atibaia”.
Além da foto, na qual o petista e Pinheiro, indicados por setas vermelhas, aparecem ao lado de dois homens, o documento da PF inclui mensagens de executivos da OAS em que eles citam a visita à propriedade e duas fotos de Lula ao lado do ex-engenheiro da empreiteira Paulo Gordilho, responsável por parte das obras no sítio Santa Bárbara (veja abaixo). Em mensagens trocadas com sua filha, Isnaia, Gordilho diz que iria a um churrasco “na fazenda de Lula”.
No depoimento à PF no ano passado, o ex-presidente havia respondido que não conhecia Gordilho ou qualquer ex-diretor da OAS. A Sergio Moro, Lula ponderou que o engenheiro acompanhou Léo Pinheiro na visita a seu apartamento no ABC paulista. “[Pinheiro] Visitou.
Mas, veja, eu nem me lembrava da visita. É que no depoimento dele, ele dizia que foi lá em casa e depois o doutor Paulo… que disse que foi lá em casa. Como os dois disseram, eu não me lembro, mas eles disseram que foram. Também não quero desmenti-los. Se foram, foram”, relatou o petista ao magistrado.
“São esses os elementos por ora identificados nos presentes autos, que apontam, em síntese, pagamento de benfeitorias nos imóveis investigados por parte de José Carlos Bumlai, OAS e Odebrecht da ordem de R$ 1.266.481,32”, conclui o relatório assinado pelo delegado da PF Márcio Adriano Anselmo.