G1/PCS
Os procuradores da Força Tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro pediram nesta sexta-feira (18), pela segunda vez, para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entre com uma ação para que seja declarada a suspeição do ministro Gilmar Mendes no caso envolvendo o empresário Jacob Barata Filho. Mendes concedeu habeas corpus para soltar o empresário, do qual foi padrinho de casamento da filha. O ministro do Supremo Tribunal Federal nega ser suspeito.
O primeiro pedido foi encaminhado em julho. Para os procuradores, Mendes não pode tomar nenhuma decisão envolvendo o empresário por ter uma relação próxima com ele e seus familiares. Nesta quinta, Gilmar determinou a soltura do empresário. Em seguida, o juiz Marcelo Brêtas, do Rio, expediu novo mandado.
Jacob Barata Filho foi preso no início de julho com base em investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. A força-tarefa encontrou indícios de que ele pagou milhões de reais em propina para políticos do Rio.
O empresário preso é filho de Jacob Barata, que atua no ramo dos transportes de ônibus no Rio de Janeiro há várias décadas. O pai do empresário é conhecido como "Rei do Ônibus" e fundador do Grupo Guanabara, do qual Jacob Barata Filho também é um dos gestores.
Nesta sexta, Mendes se manifestou sobre o pedido de suspeição. "Vocês acham que ser padrinho de casamento impede alguém de julgar um caso? Vocês acham que isto é relação íntima, como a lei diz? Não precisa responder", disse.
De acordo com o texto, a "apreensão" dos procuradores é referente ao fato de a mulher de Gilmar Mendes integrar escritório de advocacia que representa algumas das pessoas jurídicas diretamente implicadas na Operação Ponto Final. Segundo os procuradores, sabendo disso Gilmar Mendes deveria se autoafastar do caso.
Também na nota, os representantes do MPF se disseram preocupados com "possível liberdade precoce de empresários com atuação marcante no núcleo econômico de organização criminosa que atuou por quase dez anos no Estado".
De acordo com eles, os réus "subjugaram as instituições e princípios republicanos" e "detêm poder e meios para continuarem delinquindo em prejuízo da ordem pública e da higidez da instrução criminal".
A decisão de Gilmar Mendes de mandar soltar Jacob Barata Filho, contudo, não valerá. Isso porque, pouco depois, o juiz Marcelo Brêtas, do Rio, expediu novo mandado de prisão contra o empresário.
Operação Ponto Final
Conforme informou o MPF, a Operação Ponto Final é um desdobramento de diversas operações que têm ocorrido desde novembro de 2016 no Rio, "reunindo um esforço de vários órgãos com o objetivo comum de infirmar a atuação de detentores de espaços de poder corrompidos há muitos anos".