Brasil
12/05/2013 10:35:52
Orçado em R$ 16 bilhões, custo da Usina de Belo Monte já supera os R$ 30 bilhões
Aumento dos gastos para a construção da terceira maior hidrelétrica do mundo, no Pará, é provocado por fatores como custos ambientais maiores e as paralisações frequentes, fruto de protestos indígenas e de greves por melhores condições de trabalho
Estadão/PCS
\n \n A\n Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, foi orçada em R$ 16 bilhões, leiloada por\n R$ 19 bilhões e financiada por R$ 28 bilhões. Quase dois anos depois do início\n das obras, o valor não para de subir. Já supera R$ 30 bilhões e pode aumentar\n ainda mais com as dificuldades para levar a construção adiante.\n \n Com\n a sequência de paralisações provocadas por índios e trabalhadores, estima-se\n que a obra esteja um ano atrasada. Se continuar nesse ritmo, além dos\n investimentos aumentarem, a concessionária poderá perder R$ 4 bilhões em\n receita.\n \n O\n vaivém dos números da terceira maior hidrelétrica do mundo deve acertar em cheio\n a rentabilidade dos acionistas, que em 2010 estava calculada em 10,5%. Hoje, as\n planilhas dos analistas de bancos de investimentos já apontam um retorno real\n de 6,5% ao ano.\n \n A\n Norte Energia, concessionária responsável pela construção da usina de 11.233\n megawatts (MW) no Rio Xingu, evita falar de indicadores financeiros e afirma\n apenas que os valores (de R$ 25 bilhões) foram corrigidos para R$ 28,9 bilhões.\n \n Leiloada\n em abril de 2010, a usina foi arrematada por um grupo de empresas reunidas pelo\n governo para que a disputa tivesse concorrência. Desde então, o projeto tem\n sido pressionado por uma série de fatores em áreas distintas. A montagem\n eletromecânica dos equipamentos, por exemplo, até hoje não foi contratada, e um\n dos motivos seria a elevação dos preços dos serviços, de R$ 1 bilhão para cerca\n de R$ 1,6 bilhão. Custos ambientais e gastos administrativos também estão bem\n acima das previsões iniciais.\n \n Junta-se\n a essa lista as despesas indiretas com mão de obra, como cesta básica e tempo\n para visitar a família. Dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção\n Pesada (Sinicon) mostram que, em apenas um ano e meio, o valor da cesta básica\n dos trabalhadores de Belo Monte subiu 110% e o intervalo entre as visitas das\n famílias, pagas pela empresa, recuou de 180 dias para 90 dias.\n \n Vale\n destacar que a obra tem 22 mil trabalhadores, e a maioria fica em alojamentos.\n Qualquer mudança nos benefícios mesmo que pequena tem impacto relevante no\n orçamento.\n \n As\n interrupções dos trabalhos por causa das invasões e greves também são fatores\n que explicam o aumento dos custos. Até quinta-feira, cerca de 7 mil\n trabalhadores do sítio Belo Monte, onde está sendo construída a casa de força\n da usina, ficaram parados por causa da invasão de 83 índios no local. A\n paralisação durou uma semana. Desde o início das obras da hidrelétrica, foram\n 15 invasões (e 16 dias de greve) que paralisaram as atividades e ajudaram a\n atrasar o cronograma em cerca de um ano.\n \n Aceleração\n \n Recuperar\n o tempo perdido exigiria um programa de aceleração das obras e significaria\n elevar os custos de mão de obra, dobrar turnos ou contratar mais gente. Ainda\n assim, afirmam executivos que trabalham na obra, não é certeza de que a\n hidrelétrica seja entregue no prazo estabelecido. Desde a década de 70, quando\n os primeiros estudos começaram a ser feitos, Belo Monte é motivo de polêmica.\n \n Pela\n dimensão do investimento e sua visibilidade no mundo inteiro por causa das\n questões ambientais, o projeto é alvo de reivindicações e protestos e ninguém\n duvida que novas greves e invasões vão ocorrer até o fim da obra.\n \n Pelo\n cronograma original, as operações da usina devem começar em dezembro de 2014.\n Hoje, porém, apenas 30% das obras civis estão concluídas.\n \n \n