Valdo Cruz
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu agir rápido no caso das inserções de rádio e rejeitar a ação apresentada pelo comitê de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) para esvaziar a estratégia do presidente da República e de seus assessores de tentar tumultuar a eleição nesta reta final.
Segundo ministros do Tribunal, Bolsonaro passou a imagem de desespero por risco de derrota e, por isso, fez uma denúncia sem provas, baseada numa auditoria com metodologia errada e seguindo um caminho totalmente irregular juridicamente.
Na avaliação de interlocutores de ministros do TSE, não era possível deixar esse caso em aberto até domingo, porque acabaria permitindo que apenas o lado de Bolsonaro ficasse divulgando uma tese não comprovada para tumultuar o processo eleitoral.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, ao indeferir o pedido do PL, partido do presidente da República, fez questão de dizer que o caso pode configurar crime eleitoral e encaminhou pedido de investigação para a Procuradoria-Geral Eleitoral da República. Além disso, encaminhou o assunto também para o inquérito que apura, no Supremo Tribunal Federal, a atuação de milícias digitais.
A conclusão do TSE sobre a denúncia da equipe de Bolsonaro é que, em primeiro lugar, ela não para de pé. Primeiro, porque a obrigação de fiscalizar a veiculação das inserções comerciais nas rádios é dos partidos e não do Tribunal.
Segundo, se algumas rádios estavam prejudicando a campanha de Bolsonaro e beneficiando a de Lula, o caminho não era pedir que inserções do petista fossem retiradas do ar como punição. O certo seria abrir uma ação contra as rádios. Confirmado o erro, elas seriam obrigadas a veicular as inserções subtraídas e corriam o risco de ficarem fora do ar.
Terceiro, a reclamação teria de ser feita num prazo de 48 horas. Não é permitido que a campanha prejudicada faça um "armazenamento tático" para fazer um questionamento em bloco, como está fazendo agora o PL.
Na avaliação de ministros do STF, a ação do presidente acabou passando uma imagem de um certo desespero no comitê de Bolsonaro por um risco de derrota. Depois que a operação de Roberto Jefferson não deu certo, o governo teria partido para o seu plano B para tumultuar a eleição na reta final.