G1-MS/LD
Uma carta anônima com pedido de perdão por furto surpreendeu o comerciante Valter Alegrete em Dourados (MS). A correspondência chegou à loja na semana passada com uma carta escrita à mão e R$ 400 em dinheiro. O valor é equivalente a duas peças, segundo a remetente, que diz ter pesquisado o preço atual dos produtos.
"Uma vez fui na sua loja e roubei um biquíni e uma blusa de malhar. Não sei porquê fiz isso, sempre fui certinha com minha contas, mas enfim, isso não vem ao caso agora", escreveu a anônima.
A sinceridade da mulher espantou o dono da loja. "Levei um susto, estou no mercado há mais de 50 anos e nunca me deparei com isso", disse Valter.
O comerciante tem loja no Centro da cidade há 42 anos e não se lembra do furto. Ele suspeita que tenha acontecido há mais de dez anos, porque deixou de vender os produtos citados pela mulher.
“Na hora que eu recebi, me julguei impotente. Pensei: será que sou trouxa? Vou divulgar isso aqui e vão me chamar de bobo e cego, mas me conscientizei e acho que seria um ensinamento a pessoas que praticam pequenos delitos. É uma forma de mostrar que, se a pessoa cometeu um erro, há maneiras e meios de consertar isso”, ponderou.
A carta foi postada nos Correios com remetente fictício, nome falso e endereço inexistente, segundo o lojista.
"Se ela não mandasse essa carta, eu jamais iria saber do furto. Queria descobrir quem é ela até para parabenizá-la pelo ato pela coragem, porque a pessoa não se identifica com medo e vergonha. Deve pensar: qual que seria a reação do lojista? Nós não iriamos fazer nada, denunciar ou coisa assim", explicou.
Em outro trecho da carta, a pessoa diz que nunca usou os produtos furtados e que pensou muito até encontrar a melhor maneira de pagar a dívida antiga.
"Encontrei esta saída de pagar o que roubei. Andei pesquisando o preço do biquíni e da blusa, seria mais ou menos R$ 400 e, estou te mandando pelos Correios. Sinceramente, não tive coragem de entregar pessoalmente", finalizou a mulher.
Antes da carta chegar, Alegrete diz que recebeu uma ligação, há alguns meses, de uma pessoa, que também disse ter uma dívida antiga. Na época, a pessoa desligou o telefone e o dono da loja não deu importância para a história.
"Não tenho certeza, não sei se é a mesma pessoa. Tentei identificar pela caligrafia, pelo remetente, mas não consegui. A gente não quer que ninguém cometa atitudes como essa [furto], mas se cometer esse erro, que a pessoa se desculpe, que não faça mais isso. Qualquer pessoa está sujeita ao erro. Essa é a mensagem", ressaltou o dono da loja.