Em clima de Copa do Mundo no Brasil, as cores verde e amarela tomaram \n conta da aldeia terena Buritizinho, conhecida também como Tereré, em Sidrolândia. No local, criado em 1981, segundo o \n cacique Maioque Figueiredo, de 37 anos, vivem cerca de 1,5 mil pessoas \n em aproximadamente 300 casas.
\n \t O campo de futebol, logo na entrada, é um indício de que ali o esporte é\n bem mais que um hobby. "É uma paixão", afirmou Figueiredo. De acordo com ele, a prática esportiva é incentivada na aldeia pelos benefícios que promove aos participantes.\n \n \t "Fui esportista também, por isso sei o valor do esporte. Primeiro, a \n importância na saúde do cidadão. O futebol, como esporte coletivo, ajuda\n a socializar as crianças, ensina que em tudo temos ganhos e perdas. \n Segundo, na complementação da educação, porque aqui na aldeia só joga \n bola quem tem notas boas na escola", ressaltou.\n \n \t Decoração
\n \t Por conta do mundial de futebol, uma das casas da aldeia, que fica a \n cerca de mil quilômetros de distância de São Paulo, cidade sede de \n abertura, foi pintada nas cores verde, amarela e azul especialmente para\n o primeiro jogo do Brasil no mundial.\n \n \t O imóvel, de alvenaria, fica ao lado de um galpão coberto por palha, no\n estilo das antigas ocas, antes usadas pelos terena. As cores nacionais \n também estiveram presentes nas camisetas, roupas e bandeiras, além de \n balões e tecidos.\n \t As mulheres da aldeia se enfeitaram com brincos e maquiagem, além das \n tradicionais pinturas faciais. Alguns membros da Tereré também usavam \n cocares feitos com penas de aves e braceletes típicos da cultura \n indígena.\n \n \t Na primeira partida do mundial, os indígenas da etnia terena se \n reuniram na casa do cacique para assistir ao jogo de estreia. O cardápio\n para o espetáculo foi pipoca e refrigerante. Com os olhos vidrados na \n tela da televisão.\n \n \t Expectativa
\n \t Para os próximos jogos, os indígenas planejam assisti-los também na \n aldeia, com a mesma empolgação e alegria. Cícero Henrique Figueiredo \n Rodrigues, 37 anos, morador da Tereré, lembra que a empolgação começou \n em 2007.\n \n \t "A emoção veio desde o dia que o Brasil foi nomeado para sediar a Copa \n do Mundo, desde então entramos no clima. Acredito que essa copa vai \n fortalecer nossa interação com a comunidade não indígena", explicou.\n \n \t Ele diz que também jogava bola e que por isso hoje incentiva a prática \n do esporte entre as crianças da aldeia. "Incentivo essa gurizada a se \n espelhar em vários atletas a nível nacional. Espelhar principalmente \n pela educação, pelo esporte e pela saúde", afirmou.\n \n \t Jogador indígena
\n \t Dentre os indígenas da aldeia, Gabriel Alves, 25 anos, se destaca \n quando o assunto é futebol, não só pelo sonho de jogar na seleção \n brasileira, mas também porque sustenta a família com o dinheiro que \n ganha como jogador profissional.\n \n \t Para ele, o futebol tem um significado mais especial. "Foi um dos \n motivos para eu sai de casa, para dar um conforto melhor pra minha \n família e para minha aldeia", explicou.\n \n \t Ele contou que saiu de casa aos 12 anos de idade\n para jogar profissionalmente. "Joguei no Paraná, depois fiquei um ano \n em Portugal. Não sei se vou chegar à uma seleção brasileira. Meu sonho \n era jogar uma Copa do Mundo, infelizmente não consegui, mas continuo na \n luta para jogar uma séria A do [campeonato] Brasileiro", confessou.