G1-MS/LD
O mutirão de limpeza de funcionários e proprietários de lojas, horas após o carnaval de rua na região central de Campo Grande, mostra apenas parte do que ocorreu. Sem banheiros químicos suficientes para atender os foliões, fezes e urinas estavam por toda parte. O odor permanece no local na manhã desta quarta-feira (1°), enquanto as pessoas recolhem centenas de garrafas de bebida alcoólica, copos, camisinhas usadas e bitucas de cigarro.
Entre os estabelecimentos comerciais da região, um posto de gasolina teve maior prejuízo, com depredações nas paredes, instalações, carros estacionados e, conforme o gerente do local, cenas de sexo foram presenciadas na madrugada.
"Temos alvará de funcionamento 24 horas. Com a confusão que ocorreu, não mantiveram a segurança. Houve aglomeração e, com isso, as pessoas invadiram o posto de gasolina, colocando tudo em risco. Muitos defecaram e urinaram aqui, além de fumarem perto das bombas de combustível. Além disso, cerca de dez carros que estavam guardados aqui foram depredados e cenário para sexo, com muita camisinha espalhada no pátio", afirmou o G1 o funcionário, que prefere não se identificar.
Na troca de turno, ele conta que o colega de trabalho estava assustado com a aglomeração. "Ele pedia para as pessoas desocuparem o local, mas sofreu ameaças. E isso não ocorreu somente esta madrugada, mas sim desde sábado. Dias antes, danificaram até as placas de preços e podemos até ser multados por isso. Acho que podem até fazer Carnaval de rua, mas, em um local adequado", comentou a testemunha.
Poucos banheiros químicos Comerciante há 24 anos no cruzamento da rua 13 de maio com a General Melo, o empresário Emerson Sobreiro, de 35 anos, disse que passou três horas limpando o entorno da loja antes de atender os clientes. "Nós temos um gasto enorme com água, sabão e água sanitária para limpar e amenizar o cheiro forte. O número de banheiro químico é irrisório e os vendedores ambulantes também não trouxeram sacos e caixas para descartar o seu lixo. Acredito que já pagamos muitos impostos e não devíamos nos deparar com estas cenas ao chegar para o trabalho", avaliou.
O vendedor Lucas Muniz, de 21 anos, também participou do mutirão de limpeza. "Eu não acompanhei o Carnaval e até entendo que é uma tradição. No entanto, tivemos gastos com produtos de limpeza e perda de tempo para organizar a bagunça. No mínimo, deveriam ter um caminhão pipa passando aqui no outro dia com água e a prefeitura fazendo a limpeza", comentou.
Prisões Ao todo, de acordo com o Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChoque), duas pessoas foram conduzidas até a delegacia. Um deles foi identificado como um homem de 35 anos, suspeito de jogar uma garrafa em uma viatura do Serviço Móvel de Urgência (Samu) e fazer ameaças aos socorristas.
De acordo com o boletim de ocorrência, por volta das 2h40 (de MS), a viatura seguia pela rua 26 de Agosto e ao passar pelo cruzamento com a avenida Presidente Ernesto Geisel foi atingida no para-brisa por uma garrafa, que danificou o vidro e a lataria do veículo.
O homem que jogou a garrafa foi detido pelos agentes do Samu, que usaram faixas de gazes para amarrá-lo até a chegada da Polícia Militar (PM).
Os policiais apreenderam uma pedra de aproximadamente 20 centímetros, que pesa cerca de dois quilos e estava enrolada na roupa do suspeito.
Entenda o caso Na Esplanada Ferroviária, o BPChoque foi chamado para retirar foliões do meio da rua que estariam obstruindo o trânsito, após o horário determinado para o encerramento da festa de carnaval, que reuniu cerca de 20 mil pessoas.
De acordo com a polícia, várias garrafas foram lançadas em direção a PM, que precisou usar gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. Duas pessoas foram detidas, levadas à Depac do Centro e vão responder por desacato, desobediência e resistência.