FP/PCS
Com o aumento de novos casos da Covid-19 no país, cresceu a pressão por leitos para pacientes graves e o nível de ocupação já ultrapassa 90% das vagas em nove capitais brasileiras, além do Distrito Federal.
O cenário representa uma piora em relação à semana passada, quando sete capitais estavam em um patamar acima de 90% na ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Rio de Janeiro, Curitiba, Recife, São Luís, Natal, Maceió, Aracaju, Campo Grande e Palmas são as capitais com cenário mais preocupante. O Distrito Federal Nesta terça (25), pela primeira vez em 57 dias, a taxa de contágio (Rt) ultrapassou o teto de 1 em todas as regiões do país, segundo dados da plataforma Info Tracker, da Unesp e da USP.
A Rt maior do que 1, como acontece agora em todo o território nacional, significa que cada doente pode infectar mais do que uma outra pessoa. Para conter a transmissão e evitar uma terceira onda, a taxa precisa ficar abaixo de 1.
A média móvel de casos de Covid-19 vem aumentando desde o fim de abril. Nesta semana, o número está em cerca de 65 mil infectados por dia, e os dados vêm apontando tendência de crescimento desde o início de maio.
Embora o número de mortes esteja caindo –a média móvel ficou abaixo dos 2.000 por dia nas duas últimas semanas– o acréscimo recente nos casos e a alta ocupação nos hospitais podem em breve levar a um aumento nos óbitos.
Parte das capitais flexibilizou medidas de restrição nos últimos dois meses. Em algumas, a reabertura foi mantida mesmo com a nova alta na demanda por leitos.
É o caso do Rio de Janeiro. Mesmo com a abertura de mais de cem UTIs públicas na última semana, a cidade registrou nesta segunda-feira (24) uma taxa de ocupação de 93% dos leitos, com seis pessoas na espera por transferência.
Os leitos têm atingido um alto patamar de demanda desde o início de março na capital fluminense, onde todas as atividades estão liberadas sem restrições de horário, exceto festas, que mesmo assim têm sido frequentes. Já o estado do Rio registra o índice de 83%, patamar que se mantém desde o fim de abril.
Em Curitiba, a fila de espera quadruplicou em um mês e atualmente tem 155 pacientes. A taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid está em 95% na capital, mesmo índice registrado em todo o Paraná. No estado, já são quase 500 pessoas aguardando vagas de terapia intensiva.
Mesmo diante do cenário preocupante, a prefeitura determinou isolamento rígido apenas aos finais de semana e toque de recolher mais amplo.
Em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, o cenário é ainda pior: não há mais UTIs disponíveis para Covid-19. Com a alta demanda, vagas foram improvisadas. A fila duplicou em uma semana e conta com 142 pessoas.
Em todo o estado já são 231 pacientes esperando por leito. A taxa de ocupação está em 100%.
No Distrito Federal, a taxa de ocupação estava em torno de 94% no início desta semana. Segundo a secretaria de Saúde local, porém, o índice não se deve a aumento de casos, mas a leitos bloqueados por causa de um reajuste nos contratos.
Dos 473 leitos de UTI Covid existentes até esta terça (25), 188 estavam bloqueados e 2 aguardavam liberação –com isso, o total de leitos disponíveis era de 283 (dos quais 268 estavam ocupados).
A situação também segue crítica em cinco capitais do Nordeste. Na região metropolitana do Recife, 98% dos 1.088 leitos de UTI para pacientes com Covid-19 estavam ocupados.
O tamanho da fila para cuidados intensivos no estado bateu recorde: 356 doentes graves esperam vaga.
Diante da gravidade do quadro, o governo estadual decretou uma quarentena mais rígida na região metropolitana, no agreste e na zona da mata no período de 26 de maio a 6 de junho.
Desde o dia 26 de fevereiro, Pernambuco apresenta taxa de ocupação de UTI para Covid-19 igual ou superior a 90%. Há 1.670 doentes nesse tipo de leito. É o maior número desde o início da pandemia.
O governo informou que a capacidade de criar vagas está no limite, por falta de recursos humanos. Desde o início do ano, 700 leitos de UTI foram abertos.
No Maranhão, os dados da Grande Ilha, que incluem a capital, São Luís, 95% dos leitos para pacientes graves estavam ocupados no início desta semana.
O estado foi o primeiro no país a registrar casos variante indiana do coronavírus Sars-CoV-2. Para evitar transmissão local, há monitoramento de possíveis contaminações e reforço na imunização, com cerca de 300 mil doses extra de vacina enviadas pelo Ministério da Saúde.
Na região metropolitana de Natal, a taxa de ocupação de UTIs passou de 93% para 95%. Dos 396 leitos de UTI disponíveis na rede estadual, 381 estavam ocupados nesta segunda (24).
Aracaju também enfrenta um cenário crítico: ao todo, 97% dos leitos de terapia intensiva da capital sergipana estão ocupados.
Outras capitais mais populosas ainda não atingiram ponto crítico, mas entraram em alerta. Em Salvador, a ocupação dos leitos manteve-se no patamar de 80% pela segunda semana consecutiva.
Para evitar o colapso, o governo da Bahia anunciou a retomada de medidas restritivas que haviam sido flexibilizadas no último mês.
O início do toque de recolher nos fins de semana foi antecipado para as 20h como forma de evitar festas clandestinas A venda de bebidas alcoólicas também será proibida nos fins de semana.
Em Belo Horizonte, a taxa de ocupação chegou a 87% em leitos do SUS. Em todo o estado de Minas Gerais, a ocupação de UTIs estaduais está em torno de 80%, mas a fila passou de 191 para 248 pessoas nesta segunda (24).
No estado de São Paulo, após um período em queda e estagnação, a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid-19 voltou a apresentar alta e alcançou 81%. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, até 14 horas de segunda-feira (24), 52 pessoas aguardavam por internação na terapia intensiva na capital.
Na região metropolitana de João Pessoa, que vinha enfrentando um cenário de relativa tranquilidade, a taxa de ocupação deu um salto de 46% para 78% em apenas uma semana.