Sheila Forato
Você já desconfiou que determinado remédio não fez o efeito esperado? Pois é, você pode ter tomado um remédio falsificado. Estima-se que um terço dos medicamentos vendidos no Brasil seja falsificado, conforme o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP).
São produtos que tiveram suas fórmulas e data de validade adulteradas por organizações criminosas que utilizam laboratórios clandestinos e os comercializam por meio do contrabando.
A falsificação de medicamentos é crime no Brasil, que pode ser punido com até 15 anos de prisão. No entanto, tem aumentado e causado muitos prejuízos às vítimas, que na maioria dos casos nem imaginam que estão comprando medicamentos falsificados.
Moradora de Coxim, a dona de casa Maria Alaíde de Fátima Ribeiro, de 53 anos, disse que uma vez desconfiou do anti-inflamatório que tomava. Já estava no quinto dia de medicamento e não via melhora, foi até a farmácia para reclamar e a atitude do vendedor a deixou mais desconfiada.
“Ele pegou o remédio da minha mão, entrou lá para dentro e voltou com um novo medicamento, de outra marca”, contou a dona de casa. Até então ela não tinha desconfiado de medicamento falsificado, imaginou estar vencido, mas agora admite a possibilidade. De lá pra cá já se passaram quase seis meses e ela nunca mais voltou ao mesmo estabelecimento.
Vale lembrar que toda embalagem deve conter: lacre ou selo de segurança, número do lote, data de validade e fabricação, número de registro no Ministério da Saúde, telefone para o contato com o fabricante (SAC), a ‘raspadinha’, um espaço em uma das laterais da embalagem, coberto com uma tinta reativa, que ao ser raspada com um objeto metálico, apresenta a logomarca do fabricante e a palavra ‘qualidade’, além de bula original.
Se você tiver qualquer dúvida sobre a idoneidade do remédio deve entrar em contato com o fabricante, informar tudo que foi solicitado, inclusive o local em que comprou. Por isso, é importante guardar o cupom fiscal, para que possa denunciar a farmácia, se for o caso. Uma das dicas de especialistas é sempre duvidar da qualidade de um remédio com preço muito baixo, fora do praticado no mercado, pois ninguém faz milagres.
De acordo com a funcionária pública A.B.S.F., de 36 anos, que pediu para ter o nome preservado, recentemente ela entrou numa farmácia para comprar remédio para dor, atraída pelo preço baixo anunciado em diversos locais. Entretanto, ao receber o medicamento, percebeu que tinha a metade dos vendidos em outros estabelecimentos. “Geralmente são 20 ml e o da promoção tinha apenas 10”, relatou a funcionária.
RASTREABILIDADE - A partir do final de 2016, começa valer a lei de rastreabilidade dos medicamentos, para evitar falsificações. Essa espécie de identificação dos remédios servirá para que as agências regulatórias como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) possam saber o caminho que um medicamento faz, desde o momento da fabricação até a comercialização.