Da redação/PCS
O aumento no número de casos de febre maculosa, especialmente no Sudeste do país, nas últimas semanas, contabilizando quatro mortes em Campinas, no interior de São Paulo, fez surgir muitas informações equivocadas sobre a doença.
Segundo a professora de Biologia do Colégio Positivo, em Curitiba (PR), Rosangela de Oliveira Iwasse, a doença é transmitida pelo carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia ricettsii.
Segundo o Ministério da Saúde, a espécie transmissora da doença, Amblyomma cajannense, pode ser encontrada em animais de grande porte, como bois, cavalos, cães, aves domésticas, gambás, coelhos e, especialmente, na capivara. No entanto, é importante destacar que uma pessoa doente não transmite a febre maculosa para outra. É o carrapato que desempenha o papel de transmissor, enquanto a capivara é apenas o seu hospedeiro.
Embora sejam animais silvestres nativos, muitas capivaras circulam por áreas urbanas, por isso é necessário que as pessoas respeitem o espaço da fauna selvagem e evitem interações com capivaras que habitam parques e praças. “Assim como outros animais, ela é um dos hospedeiros do carrapato-estrela. A transmissão ocorre por meio da picada desses carrapatos, que atuam como reservatório dos micro-organismos”, explica.
A culpa é do carrapato
A febre maculosa é uma doença infecciosa causada pela bactéria Rickettsia ricettsii, transmitida aos seres humanos por meio da picada de carrapatos infectados. No Brasil, a espécie mais conhecida é a Amblyomma cajannense, devido às manchas vermelhas, ou máculas, que podem aparecer na pele durante o curso da infecção”, esclarece a professora.
A especialista esclarece também que, embora muitas pessoas acreditem que o carrapato seja um inseto, ele é, na verdade, um parasita da família dos aracnídeos, que se alimenta de sangue - tanto de animais, quanto do ser humano -, podendo infectá-los, transmitindo a doença que, no caso do carrapato-estrela, é a febre maculosa.
Mas o hospedeiro, seja o animal ou o homem, não transmite a doença para outra pessoa. “A capivara, por exemplo, pode ser infectada pelo carrapato, mas não passa a doença. No entanto, o carrapato pode se multiplicar e disseminar pela região onde está localizado, infectando outros animais e seres humanos”, alerta.
Como prevenir
Como não é possível remover os animais dos lugares onde vivem - em especial, as capivaras, que são protegidas pelo IBAMA e habitam muitas cidades em áreas urbanas, é importante adotar medidas ao circular por esses ambientes, bem como em áreas rurais ou gramadas e arborizadas:
• Prenda a calça com elástico e calce botas, para evitar que o parasita entre por aberturas.
• Vista roupas claras, incluindo blusas de manga comprida, para facilitar a identificação de carrapatos na roupa, caso algum caia sobre ela, e verifique as peças imediatamente após sair desses ambientes.
• Use repelentes que ofereçam proteção contra carrapatos.
• Remova carrapatos do corpo com o auxílio de uma pinça, caso encontre algum.
• Lembre-se de que quanto mais rápido você retirar o carrapato do corpo, menor será o risco de contaminação, pois o carrapato-estrela precisa estar em contato com a pele por pelo menos quatro horas para transmitir a bactéria. Diagnóstico e tratamentos rápidos são fundamentais
A doença pode levar até duas semanas para se manifestar após o contato inicial com o carrapato. Conforme o Ministério da Saúde, os principais sintomas da doença são febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e na sola dos pés, gangrena nos dedos e nas orelhas, paralisia dos membros, que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, podendo causar parada respiratória.
De acordo com especialistas, assim que surgirem os primeiros sintomas, é preciso procurar atendimento médico o mais rápido possível e informar se esteve em áreas com chances de ter carrapatos. O tratamento é realizado com o uso de antibióticos, mesmo com suspeita da doença, para garantir a melhor recuperação do paciente e evitar a evolução do problema.
Com informações do Colégio Positivo