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Exibir a barriga, colecionar felicitações e aguardar tranquilamente o bebê chegar. Que grávida nunca sonhou com uma gestação totalmente saudável? No entanto, algumas doenças podem surgir ou se agravar durante o período. É por isso que um acompanhamento pré-natal é tão importante durante toda a gestação.
O próprio corpo da mulher costuma mandar sinais de que há algo errado no sistema. Então, esteja atenta. Aqui, destacamos 6 enfermidades comuns na gravidez, que merecem a sua atenção.
Entenda:
1. Asma
As crises asmáticas podem aumentar. Segundo Marcelo Daia, ginecologista e obstetra da Clínica Daia Venturieri, 1/3 das gestantes com asma sofrem uma piora no quadro. "A principal causa da exacerbação se dá por causa de alterações fisiológicas respiratórias que giram em torno de uma maior necessidade de aporte de oxigênio, causando hiperventilação", explica.
Caso a condição não seja controlada e tratada, pode gerar restrição de oxigênio e dificultar o crescimento do bebê. Vale dizer que os médicos observam uma piora nos sintomas principalmente entre as semanas 29 e 36 da gravidez. Mas há também uma melhora no último mês.
Se você já fazia algum tipo de tratamento, ele deve continuar. Para diminuir riscos, é indicada a supervisão de um pneumologista, além do obstetra e um rigoroso pré-natal.
2. Anemia ferropriva
Se esse nome estranho aparecer em seus exames significa que houve uma diminuição da concentração de glóbulos vermelhos no sangue, o que reduz o nível de ferro no organismo. Isso porque durante a gravidez ocorre um crescimento do volume de líquido no corpo e o sangue acaba sendo "diluído". "Há um aumento desproporcional do volume plasmático com relação à quantidade de elementos, como os glóbulos vermelhos, gerando a anemia", explica Marcelo.
Esse fato fisiológico acontece geralmente entre o segundo e o terceiro trimestre. Fique atenta aos sintomas, como tontura, fraqueza, cansaço, dor de cabeça e nas pernas, queda de cabelo, palidez e falta de apetite. Caso não tratado, podem existir complicações graves para a mãe (infecções após o parto) e para o filho (peso abaixo do ideal, parto prematuro e problemas de crescimento).
Por meio de medicamentos com ferro e ácido fólico, além da ingestão de alimentos ricos em ferro, é possível controlar o mal. E fica o alerta do obstetra: "Toda gestante [mesmo quem não tem anemia] deve fazer uma alimentação rica em ferro e bem equilibrada, além de reposição de vitaminas adequadas e individualizadas", alerta.
3. Cistite / Infecção urinária
Primeiro vamos entender as diferenças entre elas. Cistite é uma inflamação na bexiga ou no trato urinário inferior que pode se transformar em uma infecção. Já a infecção urinária em si pode atingir todo o sistema urinário, dos rins à uretra. Ambas são bastante comuns na gravidez. Segundo o obstetra, elas "atacam" devido à diminuição da defesa do organismo, que está associada a uma flacidez da uretra. "Tal flacidez propicia a ascensão das bactérias da região genital para a bexiga, desencadeando assim a cistite [e a infecção]", esclarece.
Os sintomas são os mesmos de quando não há gestação: desconforto, dor e ardência ao fazer xixi. Se tratadas, elas não causam nada ao bebê. Porém, caso não seja curada de fato pode afetar o crescimento do feto e até levar ao parto prematuro. Se não tratada, pode levar ao óbito do bebê e da gestante.
A única saída para tratar a doença são os antibióticos, não tem jeito. Porém, dá para prevenir. Segundo Marcelo é importante ingerir muito líquido e não segurar muito a urina. "A bexiga cheia aumenta a chance das bactérias se alojarem", afirma.
4. Diabete mellitus gestacional (DMG)
Outro nome estranho que esconde uma doença séria. A famosa DMG ocorre quando a mulher não é diabética, mas é diagnosticada com essa condição na gravidez. A diabetes gestacional é um dos problemas metabólicos mais comuns, atingindo 4% das grávidas. Pode se desenvolver em todas as gestantes, mas principalmente naquelas acima de 25 anos e que tenham histórico familiar.
Isso ocorre porque na gestação há uma alta produção de vários hormônios e muitos deles prejudicam a ação da insulina nas células. "O aumento da glicemia materna se caracteriza principalmente por uma resposta tardia da elevação da insulina, gerando uma hiperglicemia", afirma.
Quanto mais a placenta aumenta, mais hormônios são gerados. Por isso mesmo, geralmente, o quadro se desenvolve na segunda metade da gravidez. Entre os motivos que desencadeiam essa condição estão a obesidade e o aumento descontrolado do peso na gestação. "Tais fatores podem gerar uma dispensação do equilíbrio natural que as gestantes fisiologicamente realizam, gerando a diabetes." Infelizmente, não há sintomas característicos que indicam a presença do alto nível de açúcar. Ou seja, exames de sangue em dia podem evitar muitas complicações.
O tratamento pede uma dieta rigorosa, sempre acompanhada de um bom nutricionista. Em casos graves, é necessário tratar com insulinoterapia. Lembrando que diabetes gestacional é um fator de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2.
5. Distúrbios da Tireoide
Alerta: toda grávida é suscetível a essa condição. Isso porque as dosagens dos hormônios tireoidianos mudam durante a gravidez. Para se ter uma ideia da importância da glândula da tireoide, dá uma olhada em suas funções na gestação: ela tem o papel de ajudar a "segurar" o embrião no útero, regular o organismo da grávida e assegurar o crescimento e desenvolvimento do bebê. Se ela não trabalha direito, o risco de aborto espontâneo cresce e muito.
Com tantas funções na gestação, a tireoide fica sobrecarregada, pois tem de fabricar até 50% a mais de hormônio. Quando ela não consegue atingir essa meta, pode ocorrer o hipotireoidismo, que atinge 5% das gestantes; ou o hipertireoidismo, que afeta 2% delas e acelera os batimentos cardíacos da mãe e do feto.
Até as pequenas oscilações anormais (porque há oscilações esperadas dentro da normalidade) importam. Segundo um estudo da George Washington University School of Medicine and Health Sciences (Estados Unidos), mesmo as alterações mínimas podem levar ao parto prematuro ou aborto. Por isso mesmo torna-se fundamental controlar a tireoide durante a gestação - e também antes de engravidar e no pós-parto.
Normalmente, a condição pode ser controlada com hormônios sintéticos em comprimidos, que são receitados pelo seu médico.
6. Pré-eclâmpsia
Pressão arterial alta? Então fique de olho nela. Infelizmente, essa doença aparece em 5% das parturientes, seja durante a gravidez ou no período pós-parto. Para quem não sabe, trata-se de uma disfunção dos vasos sanguíneos e aumento da pressão arterial. Quando o organismo se desregula dessa forma, pode haver complicações sérias e até mesmo fatais, tanto para a mãe quanto para o bebê.
"A pré-eclâmpsia acontece a partir da alteração na placenta, que ocorre em torno da 20ª semana gestacional", afirma Marcelo. Além da presença de proteína na urina, as características mais comuns da doença, segundo o médico, são convulsões, alterações visuais como pontos brilhantes na visão (escotomas), desconforto gástrico e queimação, além de diminuição da função renal.
O pior: todas as gestantes podem desenvolvê-la, mesmo quem tem pressão arterial normal. Também não há cura durante a gravidez, somente após o nascimento do bebê.
Para tratar o mal. além do monitoramento da doença por meio da pressão e exames de urina, os médicos podem receitar medicamentos para controlar o problema sem afetar o bebê. Também é recomendado uma alimentação sem sal ou açúcar. Caso o bebê esteja sendo prejudicado pela condição, o médico pode induzir o parto.