Sheila Forato
São incontáveis as festas tradicionais em que dona Eclair ajudou fazendo o empamonado, prato típico de Coxim a base de carne moída. Quem é coxinense, de nascença ou coração, sabe bem do que estamos falando. Churrasco por aqui, se não tiver empamonado, não é churrasco.
Agora, o empamonado mais famoso de Coxim é só lembrança, com aquele gostinho de saudades. É que o Coronavírus (Covid-19) tirou Eclair de Souza Aguiar do nosso convívio, aos 64 anos, nesta sexta-feira (11). Ela estava internada no Hospital da Cassems, desde a semana passada.
Dona Eclair foi infectada pelo vírus e logo internou. A equipe médica optou pela intubação, mas Coxim não tinha vaga. Uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) aérea foi enviada pelo plano de saúde, mas ela não estabilizou e teve de permanecer internada aqui.
A morte da inspetora de alunos, que por quase toda a vida trabalhou na Escola Estadual Pedro Mendes, deixou um sentimento de luto coletivo em Coxim. É que para muitas gerações ela foi um pouco mãe. Os três filhos de dona Eclair e depois os netos, que hoje são sete, tiveram de dividí-la com centenas de alunos que passaram pelo colégio citado.
Querida pela comunidade coxinense, o legado que deixa é de bondade. De uma pessoa que estava sempre disposta a ajudar o próximo. A definição é do neto, Eduardo Aguiar, de 23 anos. Para ele, dona Eclair era mais do que uma vó. Era uma avó com açúcar.
Dona Eclair foi 80ª vítima do Coronavírus em Coxim. A cidade já contabiliza 3.531 infectados. Desses, 3.301 se recuperaram. Os casos ativos são 150 e os suspeitos 87, conforme boletim epidemiológico da Prefeitura. O município está na bandeira vermelha com toque de recolher das 21 às 5 horas e lockdown aos sábados e domingos.