Correio do Estado/LD
Até o dia 27 de junho, foram notificados 399 casos de dengue em Campo Grande. Este é o menor número para o mês de junho na Capital dos últimos cinco anos. Os dados são do informativo semanal da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e podem ser explicados pela atuação dos mosquitos com a bactéria Wolbachia.
A última vez que um mês de junho registrou valor menor que 399 foi em 2018, quando apenas 180 casos da doença foram notificados em 30 dias.
Em 2022, quando a doença registrou casos em boa parte do ano, inclusive durante a estiagem (em setembro, foram 525 notificações), junho registrou 2.125 casos na Capital.
Para a superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, Veruska Lahdo, uma das explicações para essa redução é o estabelecimento no meio ambiente da bactéria Wolbachia, que foi introduzida por meio dos mosquitos geneticamente modificados que foram soltos nos bairros de Campo Grande.
“Se a gente for olhar [os dados], essa queda já acontece desde abril. A dengue tem um período de sazonalidade, que costuma ir de dezembro até maio, junho do ano seguinte. Este ano seguiu o padrão de sazonalidade. Tivemos uma epidemia controlada, mérito do método Wolbachia, que teve o estabelecimento da bactéria em vários bairros, o que fez o número de casos ser baixo”, afirmou a superintendente.
Segundo a chefe de Vigilância em Saúde da Capital, apesar da epidemia da doença, Campo Grande apresentou patamares menores do que em anos anteriores, assim como número de mortes inferir aos de outros anos. Ao todo, neste ano, são 13.153 notificações e quatro mortes.
“Já tivemos meses com mais de 9 mil casos, mais de 11 mortes durante a epidemia”, exemplificou Veruska, dizendo que esse patamar menor tem relação com o método Wolbachia.
“As regiões onde não foi satisfatório o estabelecimento da bactéria foi onde tivemos mais casos, nesses locais foi feita a soltura de mais mosquitos Wolbachia. Mas conseguimos controlar a dengue sem ter de publicar um decreto de emergência. Campo Grande quase não teve casos confirmados de chikungunya, por exemplo. Zerar as notificações é impossível, mas pretendemos ter números parecido com os do Rio de Janeiro, onde caíram em 60% as notificações em Niterói com o método”, detalhou.
De acordo com Veruska, houve boa fixação da bactéria no meio ambiente, e apenas em 10 a 15 bairros o percentual está abaixo do esperado. Porém, novas solturas devem ser feitas antes do próximo verão, para que haja uma queda ainda maior.
A superintendente também citou o fato de a prefeitura ter aumentado o monitoramento e o controle em ações preventivas contra a doença.
“Nesses meses [quando há muitos casos], a gente intensificou as visitas e a Operação Mosquito Zero nas localidades onde identificamos maior número de casos”, completou.
BAIRROS No último informativo da Sesau, apenas oito bairros de Campo Grande ainda estão com risco muito alto de infestação da doença. São eles: Caiobá, Los Angeles, Nova Campo Grande, Noroeste, Núcleo Industrial, Popular, Rita Vieira e Tijuca. A incidência é calculada por 100 mil habitantes.