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O Distrito Federal registrou em 2018 o primeiro caso de botulismo em 11 anos. Esta é a sexta contaminação registrada no Brasil neste ano – as outras ocorrências foram em São Paulo (3), Amazonas (1) e Rio de Janeiro (1).
Segundo a Secretaria de Saúde do DF, não há risco de epidemia (veja no fim da reportagem).
O rapaz contaminado em Brasília tem 20 anos. Na véspera, ele comeu sanduíches na rua e uma salada de palmito. Passaram-se quatro meses desde então, mas o jovem continua internado.
"Nunca tínhamos ouvido falar de botulismo, não sabia que era fácil de acontecer até ele se contaminar com isso. É muito sofrimento", diz a tia do rapaz, a representante comercial Jussara Melo.
"Aconteceu do nada. Ele foi para uma consulta e minha irmã ligou à 1h: 'Ele está na UTI'. Então ficou todo mundo em choque."
Os primeiros sintomas dele forma náusea, fadiga e muito sono – a família acreditava que era apenas um resfriado. No hospital, depois de ter convulsões, ele foi parar na unidade de terapia intensiva (UTI).
"Ele ficou dois meses com os olhos fechados, abrindo bem pouquinho. Aos poucos foi voltando. Agora, ele já consegue se movimentar, está bem acordado, se movimenta, consegue manter os ombros elevados, o pescoço rígido", conta a tia. Doença grave e rara
O botulismo alimentar ocorre quando a pessoa come algum alimento contaminado por uma toxina forte produzida pela bactéria Clostridium botulinum.
Normalmente, a bactéria é encontrada em produtos como enlatados, conservas e embutidos, como salsichas ou pescados defumados.
O botulismo provoca dores, paralisa os músculos e atinge o sistema neurológico. A melhor forma de prevenir é ficar atento à origem e à qualidade dos alimentos.
"Se você abrir uma lata de molho de tomate, por exemplo, e não consumir tudo, transfira o resto para um pote de vidro ou plástico, com tampa bem fechada, e anote a data de validade prevista na embalagem para o consumo depois de aberto", diz a professora de nutrição Maria Cláudia da Silva.
"Lata amassada ou lata estufada significa que o alimento pode trazer fisco para a saúde de quem vai consumir."
Além da ingestão de alimentos contaminados pela bactéria, o botulismo pode ser contraído por meio de ferimentos. Nesse caso, a bactéria entra diretamente na corrente sanguínea. Mas a forma principal de contaminação é por meio da alimentação.
Evento isolado
Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde no DF, Marcos Quito, não há risco de que a doença vire uma epidemia. "Este foi um evento inusitado. Nos nossos históricos epidemiológicos, a gente não tinha registro de nenhum caso de botulismo no Distrito Federal", disse.
Quito apontou que a capital registrou seis casos suspeitos nos últimos 11 anos, mas, após investigação, todos foram descartados.