CE/LD
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou mais uma morte causada pela dengue em Mato Grosso do Sul. Agora, o Estado soma quatro óbitos por dengue em 2024. A informação foi divulgada através do Boletim Epidemiológico semanal, divulgado nesta quarta-feira (13).
A vítima era um homem, de 33 anos, sem comorbidades, que residia em Dourados. Os sintomas da doença tiveram início no dia 3 de março, e no dia 5 ele veio a óbito. A causa da morte foi confirmada apenas no dia 11 deste mês.
Segundo o boletim, outras oito mortes ainda estão sob investigação.
Na última semana, foram confirmados 478 novos casos de dengue em Mato Grosso do Sul, e mais 1.636 casos prováveis.
Desde o início do ano, o Estado já registrou 2.412 casos confirmados e 7.490 casos prováveis da doença.
Casos prováveis
Com relação ao perfil, dos casos prováveis, a maioria tem idade entre 20 e 29 anos (19,3%). No último registro, houve um aumento no número de casos em pré-adolescentes e jovens dos 10 aos 19 anos (16,74%). Na sequência, estão os adultos de 30 a 39 anos (16,46%), e 40 a 49 anos (13,37%).
As crianças, de 1 a 9 anos, representam 10,61% dos casos prováveis.
Incidência
Ainda conforme o boletim epidemiológico, dos 79 municípios do Estado, 29 estão com alta incidência de dengue, ou seja, com mais de 300 casos a cada 100 mil habitantes.
As cidades com maiores incidências são Aral Moreira (334 casos), Paranhos (339) e Coronel Sapucaia (330).
Outros 35 municípios estão com média incidência e 15 têm baixa incidência, incluindo Campo Grande.
Em número de casos prováveis, Chapadão do Sul lidera, com 551 registrados. Na sequência, aparecem Campo Grande (545 casos), Ponta Porã (540) e Costa Rica (535).
Histórico
No ano passado, 42 pessoas morreram de dengue no Estado, número 75% superior ao registrado em 2022 (24), e 200% maior do que o registrado em 2021 (14).
Vacina
Neste mês, foi iniciada a vacinação contra a dengue na rede pública de saúde. Na primeira fase, a Qdenga é aplicada gratuitamente em crianças/adolescentes de 10 a 11 anos. Conforme mais doses forem entregues, adolescentes de 12 a 14 anos também serão receberão a vacina.
Alguns municípios do Estado já ampliaram o público-alvo para a vacinação.
Quem está fora da faixa etária classificada como prioritária pode procurar a vacina na rede particular.
No Estado, 34 municípios receberam doses da vacina nesta primeira fase, incluindo a Capital.
A Qdenga previne exclusivamente casos de dengue e não protege contra outros tipos de arboviroses, como Zika, Chikungunya e febre amarela.
O esquema completo da vacina é composto por duas doses, a serem administradas por via subcutânea com intervalo de 3 meses entre elas. Quem já teve dengue também deve tomar a dose.
Para quem apresentou a infecção recentemente, a orientação é aguardar 6 meses para receber o imunizante. Já quem for diagnosticado com a doença no intervalo entre as duas doses deve manter o esquema vacinal, desde que o prazo não seja inferior a 30 dias em relação ao início dos sintomas.
DENGUE
SINTOMAS
Febre alta amp;gt; 38°C;
Dor no corpo e articulações;
Dor atrás dos olhos;
Mal estar;
Falta de apetite;
Dor de cabeça;
Manchas vermelhas no corpo.
No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática, apresentar quadro leve, sinais de alarme e de gravidade.
Normalmente, a primeira manifestação da doença é a febre alta, superior a 38ºC, de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele. Também podem acontecer erupções e coceira na pele.
Os sinais de alarme são assim chamados por sinalizarem o extravasamento de plasma e/ou hemorragias que podem levar o paciente a choque grave e óbito.
A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
SINAIS DE ALARME
Os sinais de alarme são caracterizados principalmente por:
Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua; Vômitos persistentes; Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico); Hipotensão postural e/ou lipotímia; Letargia e/ou irritabilidade; Hepatomegalia maior do que 2cm abaixo do rebordo costal; Sangramento de mucosa; Aumento progressivo do hematócrito. A fase crítica tem início com o declínio da febre (período de defervescência), entre o 3° e o 7° dia do início de sintomas. Os sinais de alarme, quando presentes, ocorrem nessa fase. A maioria deles é resultante do aumento da permeabilidade capilar. Essa condição marca o início da piora clínica do paciente e sua possível evolução para o choque, por extravasamento plasmático. Sem a identificação e o correto manejo nessa fase, alguns pacientes podem evoluir para as formas graves.
Os casos graves de dengue são caracterizados por sangramento, disfunções de órgãos ou extravasamento de plasma. O choque ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido pelo extravasamento, habitualmente entre o 4º e o 5º dia – no intervalo de 3 a 7 dias de doença –, sendo geralmente precedido por sinais de alarme.
Mulheres grávidas, crianças e pessoas mais velhas (acima de 60 anos) têm maiores riscos de desenvolver complicações pela doença.
Os riscos aumentam quando o indivíduo tem alguma doença crônica, como asma brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme, hipertensão, além de infecções prévias por outros sorotipos.
Busque ajuda!
Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
TRANSMISSÃO
O vírus da dengue (DENV) pode ser transmitido ao homem principalmente por via vetorial, pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas, no ciclo urbano humano–vetor–humano. Os relatos de transmissão por via vertical (de mãe para filho durante a gestação) e transfusional são raros.
PREVENÇÃO
Deve-se reduzir a infestação de mosquitos por meio da eliminação de criadouros, sempre que possível, ou manter os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos com telas/capas/tampas, impedindo a postura de ovos do mosquito Aedes aegypti. Medidas de proteção individual para evitar picadas de mosquitos devem ser adotadas por viajantes e residentes em áreas de transmissão. A proteção contra picadas de mosquito é necessária principalmente ao longo do dia, pois o Aedes aegypti pica principalmente durante o dia.
Recomenda-se as seguintes medidas de proteção individual:
Proteger as áreas do corpo que o mosquito possa picar, com o uso de calças e camisas de mangas compridas;
Usar repelentes à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou de Icaridina nas partes expostas do corpo. Também pode ser aplicado sobre as roupas. O uso deve seguir as indicações do fabricante em relação à faixa etária e à frequência de aplicação. Deve ser observada a existência de registro em órgão competente. Repelentes de insetos contendo DEET, IR3535 ou Icaridina são seguros para uso durante a gravidez, quando usados de acordo com as instruções do fabricante. Em crianças menores de 2 anos de idade, não é recomendado o uso de repelente sem orientação médica. Para crianças entre 2 e 12 anos, usar concentrações até 10% de DEET, no máximo 3 vezes ao dia;
A utilização de mosquiteiros sobre a cama, uso de telas em portas e janelas e, quando disponível, ar-condicionado.
TRATAMENTO
O tratamento para infecção pelo vírus dengue é baseado principalmente na reposição volêmica adequada, levando-se em consideração o estadiamento da doença (grupos A, B, C e D) segundo os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, assim como no reconhecimento precoce dos sinais de alarme. Para os casos leves com quadro sintomático recomenda-se:
Repouso relativo, enquanto durar a febre;
Estímulo à ingestão de líquidos;
Administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre;
Não administração de ácido acetilsalicílico;
Recomendação ao paciente para que retorne imediatamente ao serviço de saúde, em caso de sinais de alarme.
Os pacientes que apresentam sinais de alarme ou quadros graves da doença requerem internação para o manejo clínico adequado. Ainda não existe tratamento específico para a doença.
A dengue, na maioria dos casos leves, tem cura espontânea depois de 10 dias.
É importante ficar atento aos sinais e sintomas da doença, principalmente aqueles que demonstram agravamento do quadro, e procurar assistência na unidade de saúde mais próxima.
O indivíduo pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque pode ser infectado com aos quatro diferentes sorotipos do vírus. Uma vez exposto a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, o indivíduo passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico, ficando ainda susceptível aos demais.