Ciência e Saúde
19/11/2012 09:00:00
Ministério da Saúde diz que não incentiva internação compulsória de dependentes
O coordenador adjunto de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Leon Garcia, disse hoje (19) que o governo federal não incentiva a internação compulsória de dependentes de droga.
Agência Brasil/LD
\n \n O coordenador adjunto de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Leon\n Garcia, disse hoje (19) que o governo federal não incentiva a internação\n compulsória de dependentes de droga. O dirigente respondeu a participantes do\n seminário Álcool e Outras Drogas: Um Desafio para os Profissionais de Saúde,\n coordenado pelo Fórum dos Conselhos Federais da Área de Saúde, que criticaram a\n implantação de políticas desse tipo no país. \n \n "Internação compulsória é uma política pobre feita para\n pobre. É uma estratégia de higienização para mostrar um país bonito nos eventos\n internacionais", disse o coordenador do Movimento Nacional de População de\n Rua (MNPR) e da Frente Nacional sobre Drogas e Direitos Humanos (FNDDH), Samuel\n Rodrigues. \n \n O representante do Ministério da Saúde alegou que essas decisões\n se dão em âmbito estadual e municipal e garantiu que a política federal é para\n que essas internações sejam feitas apenas em casos extremos, nos quais haja\n risco de vida para o usuário. \n \n "O ministério busca o diálogo, de forma a intervir e ampliar\n a rede de cuidados. O nosso objetivo é que a internação involuntária adquira\n novamente a dimensão que nunca deveria ter deixado de ter, quase nula. Que seja\n aplicada apenas em casos muito específicos", disse Garcia. \n \n A conselheira do Conselho Nacional de Política sobre Drogas\n (Conad) Cristina Brites, de outro lado, disse que o poder aquisitivo pode\n influenciar no tratamento. "Ninguém pode negar que um policial, quando\n aborda um usuário de drogas, age dependendo do bairro onde vai atuar,\n dependendo da cor da pele da pessoa. Quando é negro, quando é pobre, quando\n está num bairro mais afastado, de certa forma a ação da polícia é mais\n repressora. \n \n Para Cristina Brites, o consumo de drogas de forma generalizada\n está ligado à classe social. A dependência se instalaria em um contexto de\n perda de sentido, estando ligada também a condições materiais. O jovem, segundo\n ela, "se coloca mais em risco quando tem menos acesso a informação, se\n coloca mais em risco quando não pode conversar sobre isso abertamente na\n escola, quando convive com o tráfico cotidianamente. \n \n As comunidades terapêuticas também receberam críticas. Os motivos\n são violação de direitos humanos, trabalhos forçados das pessoas em tratamento\n e más condições das instalações físicas. O governo é responsável diretamente\n por 25 centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSads). As demais\n comunidades que existem no país são iniciativas particulares. Muitas recebem\n auxílio governamental por meio de editais. \n \n A intenção é que esses centros integrem a Rede de Atenção\n Psicossocial, instituída pela Portaria 3.088 de 23 de dezembro de 2011. A rede\n inclui o Sistema Único de Saúde (SUS), facilitando a fiscalização e o envolvimento\n da família no tratamento. No entanto, de acordo com o coordenador adjunto Leon\n Garcia, o ministério não tem tido sucesso nessa integração e tem encontrado\n resistência por parte das comunidades. \n \n "A gente sabia que era um problema complexo, que não vai\n conseguir resgatar o atraso de muitos anos de política em um ano só. Temos um\n horizonte de trabalhar até 2014 para ter uma rede mínima de cuidados efetivos\n nesse campo de álcool e drogas", informou. \n \n Até 2014, o Ministério da Saúde vai investir R$ 4 bilhões no\n Programa Crack, É Possível Vencer, destinado ao tratamento e combate à\n dependência da droga. Desses, R$ 2 bilhões serão destinados diretamente para\n tratamento. Esse ano, foram lançados editais que visam a atender a pelo menos\n nove projetos de comunidades terapêuticas com cerca de R$ 900 mil. \n \n \n \n \n