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Ciência e Saúde
10/10/2022 08:55:00
MS continua com remédios em falta e sem previsão para repor estoque, crise

Midiamax/LD

Depois de enfrentar crise de abastecimento durante a pandemia, Mato Grosso do Sul segue a enfrentar escassez de alguns medicamentos, que estão em falta há meses tanto na rede pública, quanto na rede privada. Na lista, há remédios até para tratamento da Doença de Parkinson.

Marianne Marks, do CRF/MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul), lista como exemplos de medicações que estão em falta os antibióticos Amoxicilina suspensão, Amoxicilina 500mg, Amoxicilina 875mg, Amoxicilina clavulanato e o dicloridrato de pramipexol, usado para a doença de Parkinson. “Esse de Parkinson tem fabricante único e já não é vendido há uns quatro meses, sem previsão para que a produção volte”, explica.

Transporte bloqueado na China impacta abastecimento A farmacêutica afirma que o desabastecimento é resultado de recente bloqueio no serviço de transporte marinho feito através dos portos da China. Por conta do aumento de casos da covid-19 no País, o governo determinou lockdown, provocando congestionamento nos portos e atrasos nas importações, inclusive das moléculas utilizadas pela indústria farmacêutica.

“Entre abril e junho enfrentamos uma situação bem difícil. Por ser época de inverno, aumentou a procura de antigripais, anti-inflamatórios e soro fisiológico e esses medicamentos estavam em falta na indústria. Agora, o fornecimento de muitos foi retomado, mas ainda temos itens em falta”, finaliza Marianne.

O Jornal Midiamax questionou a SES (Secretaria de Estado de Saúde) sobre o impacto da falta na rede pública, no entanto, não obteve resposta. O espaço segue aberto para posicionamento.

Recentemente, a reportagem já havia publicado matérias pontuando a escassez também na rede pública.

94% das cidades de MS enfrentaram desabastecimento

Em maio deste ano, medicamentos como Ibuprofeno, Nimesulida, Amoxicilina e Dipirona estavam em baixa em Mato Grosso do Sul havia mais de um mês. À época, pelo menos 94% dos municípios estavam com algum remédio faltando e dependendo de auxílio e doações.

Diante do cenário, o Cosems-MS (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso do Sul) emitiu nota alertando sobre a falta de medicamentos.

Conforme o Conselho, 72 municípios manifestaram interesse em adquirir Amoxilina e 68 em Cefalexina — medicamento usado no tratamento de bactérias. De acordo com a instituição, na época, a falta de matéria-prima na indústria já era justificativa das empresas revendedoras.

No fim de junho, o Cosems-MS conseguiu doação de 45.759 frascos de Amoxicilina suspensão 250mg e 24.100 frascos de Cefalexina, que foram distribuídos aos municípios.

Os frascos de Cefalexina suspensão atenderam ao pedido de 68 municípios. Devido à quantidade, Campo Grande, Anastácio, Sidrolândia e Terenos receberam a doação diretamente da Furp (Fundação para o Remédio Popular).