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A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou nesta quarta-feira (13) o primeiro caso de febre do Oropouche com transmissão local no Estado. Um homem de 52 anos, residente em Itaporã, testou positivo para a doença após apresentar sintomas como dor de cabeça e dores musculares.
O caso foi registrado em abril e o homem atualmente está em fase de recuperação.
Conforme a gerente técnica estadual de Doenças Endêmicas da SES, Jéssica Klener Lemos dos Santos, foi iniciada uma série de ações de vigilância após a confirmação do primeiro caso importado em junho,
Entre as medidas adotadas, estão a sistematização das informações dos casos suspeitos e confirmados (deslocamentos, sintomas, quadro clínico etc.), coleta de amostras de outros pacientes para testagem pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul), com o objetivo de fortalecer a vigilância da doença.
Caso
No dia 4 de abril, um homem de 52 anos procurou a unidade de saúde no município de Itaporã, relatando sintomas de cefaléia e mialgia. Para iniciar a investigação da causa dos sintomas, foi colhida uma amostra de sangue no dia 5 e enviada ao Lacen, dando resultado negativo para as arboviroses dengue, zika e chikungunya.
No entanto, em 21 de julho, após a ampliação das medidas de vigilância, a mesma amostra foi reavaliada com uma estratégia de detecção abrangente, e o resultado indicou a presença da arbovirose Oropouche.
Após a confirmação, foi realizada uma investigação detalhada para coletar mais informações sobre o caso, incluindo análise do histórico de viagens, exposição a áreas de mata e visitas de pessoas que poderiam ter viajado recentemente. A investigação concluiu que não houve evidências de exposições externas, levando à conclusão de que o caso foi de transmissão autóctone.
Os casos autóctones são aqueles que se originam no local onde o diagnóstico é realizado. "A transmissão autóctone significa que o caso diagnosticado teve sua origem no mesmo local de residência do indivíduo. A doença não foi trazida por pessoas de fora, como no caso anterior; está acontecendo na própria região", explica Jéssica.
Jéssica ainda reforça que, desde junho, das 818 amostras testadas pelo Lacen e que inicialmente deram negativo para o protocolo ZDC, apenas duas resultaram positivas para a febre do Oropouche.
"Não há motivo para pânico da população; a confirmação do caso com transmissão autóctone veio através da série de medidas implementadas pelo Estado para vigilância da arbovirose", conclui.
Primeiro caso confirmado
No dia 12 de junho, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) confirmou o primeiro caso de Febre do Oropouche em Mato Grosso do Sul. A paciente é mulher de 42 anos, moradora de Campo Grande.
Dias após a confirmação da doença, foi informado que a mulher contraiu o vírus na cidade de Ilhéus, na Bahia, onde passava férias, no início de junho. Desta forma, o caso foi tratado como alóctone, que é quando a doença é importada de outra localidade
Febre Oropouche
A Febre do Oropouche é uma doença causada por um arbovírus, que foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960.
Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente, nos estados da região amazônica. Também já foram relatados casos e surtos em outros países das Américas Central e do Sul (Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela).
A transmissão é feita principalmente por mosquitos da espécie 'maruim' ou 'mosquito-pólvora.
Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no sangue do mosquito por alguns dias. Quando esse mosquito pica outra pessoa saudável, pode transmitir o vírus para ela.
Existem dois tipos de ciclos de transmissão da doença:
Ciclo Silvestre: Nesse ciclo, os animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. O mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal transmissor nesse ciclo.
Ciclo Urbano: Nesse ciclo, os humanos são os principais hospedeiros do vírus. O mosquito Culicoides paraenses também é o vetor principal. Sintomas
Os sintomas da Febre do Oropouche são parecidos com os da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia.
Não existe tratamento específico. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento da rede de saúde.
Aumento de casos
A incidência de casos tem aumentado no Brasil. De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, neste ano foram confirmados 6.207 casos, enquanto em todo o ano de 2023 foram 835.
A maioria dos casos se concentra na região norte. Atualmente, com exceção do Tocantins, todos os estados da região norte registraram casos autóctones (oriundos do mesmo local onde ocorreu a doença).
Dos estados da região extra-amazônica, 5 já registraram casos autóctones, sendo eles Piauí, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
O Brasil ainda não registrou nenhuma morte pela doença.