Luma Danielle Centurion
A conclusão de um estudo conduzido na Universidade Estadual Paulista (Unesp) pode abrir para cientistas a possibilidade de pensar em estratégias de bloqueio da transmissão da malária pelo mosquito vetor. Segundo o estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), as bactérias intestinais do mosquito influenciam o desenvolvimento do parasita causador da doença no organismo do inseto, o que altera também as chances de transmissão para humanos.
Quando o Anopheles darlingi pica um humano que está com malária, ocorre uma interação entre o parasita e as bactérias intestinais do mosquito, o que é crucial para a continuação do ciclo de transmissão da doença. De acordo com a pesquisa, o conjunto de micro-organismos no intestino do mosquito parece determinar sua vulnerabilidade à infecção pelo parasita Plasmodium vivax – espécie responsável pela maioria dos casos de malária no Brasil.
“Descobrimos que, no intestino do Anopheles, a carga parasitária tem influência na composição da microbiota e vice-versa. Após investigar a relação parasita-bactéria mais a fundo, integrando dados da composição da microbiota a análises genéticas referentes a imunidade do mosquito, pretendemos realizar estudos de silenciamento de genes. O objetivo é desenvolver mosquitos imunes ao Plasmodium vivax”, disse à Agência Fapesp o professor Jayme Augusto de Souza-Neto, da Unesp de Botucatu e coordenador do projeto.
Dessa forma, o mosquito não se infecta e, consequentemente, não transmite o parasita para humanos, explicou Souza-Neto, que é professor do Departamento de Bioprocessos e Biotecnologia da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp.
A descoberta vai possibilitar o desenvolvimento de estratégias de modificação de população, por exemplo, liberar na natureza mosquitos transgênicos que sejam imunes ao parasita da malária.