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Ciência e Saúde
15/10/2018 17:49:00
Seis dicas para quem come fora de casa
Armazenamento inadequado de produtos e falta de higiene no local e nos utensílios empregados para manipular alimentos são alguns dos problemas de restaurantes e afins

NM/PCS

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o brasileiro gasta atualmente cerca de 25% de sua renda com alimentação fora de casa. Comer fora é mais fácil e rápido, mas é preciso ficar atento para o local escolhido para fazer as refeições, as condições de higiene dos utensílios e a conduta dos funcionários que manipulam o alimento. Isso porque o número de doenças transmitidas por alimentos (DTAs) ainda é alto no Brasil e, segundo especialistas, subnotificado.

A nutricionista e doutoranda em Ciência dos Alimentos pela USP, Jéssica Aragão, ligada ao Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), elenca seis cuidados para quem se alimenta fora de casa:

• Prefira locais limpos e arejados;

• Verifique o estado de conservação dos utensílios (pratos, talheres, copos) e do ambiente de modo geral.

• Nos restaurantes com buffet montado, verifique se os pratos quentes estão em balcão térmico e se os pratos frios estão em balcão refrigerado. Os alimentos frios como saladas, molhos caseiros, sushi e queijos devem estar em balcões refrigerados à temperatura abaixo de 10 ºC e os alimentos quentes devem estar em balcões aquecidos à temperatura acima de 60 ºC.

• Também nos estabelecimentos com buffet montado, repare se há anteparos de vidro sobre os pratos. Eles ajudam a proteger o alimento contra eventuais descuidos de quem está se servindo (espirros, tosses e saliva).

• Verifique a higiene dos funcionários e o cuidado de higiene que os mesmos possuem ao manipular o alimento. Durante o desempenho de suas atividades, os funcionários não devem fumar, falar desnecessariamente, cantar, assobiar, espirrar, cuspir, tossir, comer, manipular dinheiro ou outros atos que possam contaminar o alimento.

• Observe o prazo de validade de itens como azeite, pimenta e sachês de molhos. Esses produtos, por terem validade longa, costumam ser negligenciados.

Doenças alimentares

Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2017 foram registrados 598 surtos de DTAs com 9.320 doentes e 12 óbitos. Os agentes mais envolvidos nos surtos são as bactérias Salmonella spp., Escherichia coli (espécies patogênicas) e Staphylococcus aureus. “O número de casos reportados costuma ser muito aquém da realidade devido à subnotificação. O que é mostrado nas estatísticas de DTAs representa apenas a ponta do iceberg, justamente porque temos a noção de que a real dimensão dos casos é muito maior”, afirma Uelinton Pinto, professor da Faculdade de Ciência Farmacêuticas da USP e integrante do FoRC.

“A ingestão de alimentos contaminados com essas bactérias pode levar à ocorrência de gastroenterites, cujos sintomas mais comuns incluem náusea, vômito, febre, diarreia e cólicas abdominais. Em alguns casos, os sintomas podem ser mais graves e até fatais. Vale destacar que, no caso da intoxicação por Staphylococcus. aureus, a enfermidade ocorre devido à ingestão de alimentos contaminados com a toxina produzida pela bactéria, durante sua multiplicação nos alimentos”, explica Jéssica Aragão.

Segundo ela, os erros mais frequentes que comprometem a segurança dos alimentos preparados pelos restaurantes e estabelecimentos similares são: manutenção dos alimentos em temperaturas impróprias, presença de vetores e pragas urbanas; alimentos fora do prazo de validade; armazenamento inadequado das matérias-primas; contaminação cruzada; alimentos impróprios para consumo sem procedência e identificação, higiene inadequada do local e dos utensílios e reaproveitamento inadequado dos alimentos.