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Há exatos três anos, em 18 de janeiro de 2021, Mato Grosso do Sul começou a aplicar a vacinação contra a Covid-19.
Na época, a doença estava entrando no pico de casos e mortes. Até aquela data, 339 pessoas morreram da doença nos primeiros dias de 2021.
Agora a situação é outra: com muitos menos casos e quatro mortes somente neste ano, a queda de 98,8% em óbitos só foi possível, segundo especialistas, justamente por causa da vacinação.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), 971 casos de Covid-19 foram confirmados neste ano e, até o momento, quatro pessoas perderam a vida para a doença.
No comparativo com os mesmos 18 dias de janeiro de 2021, os números eram muito diferentes: 16.194 diagnósticos e 339 mortes.
As primeiras doses que chegaram em Mato Grosso do Sul foram as da Coronavac.
No mesmo dia em que pousaram no Aeroporto Internacional de Campo Grande, três pessoas de grupos prioritários foram escolhidas para serem os primeiros vacinados.
Domingas da Silva, que na época tinha 91 anos, foi a primeira pessoa a ser imunizada em Mato Grosso do Sul. Depois dela, a idosa Maria Bezerra de Carvalho, que era institucionalizada, e o médico nefrologista Márcio Estevão Midom também receberam a dose.
A hoje secretária-adjunta de Saúde de Campo Grande, Rosana Leite de Melo, na época diretora do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, foi quem aplicou as primeiras doses no Estado. Segundo ela, o imunizante veio para “renovar as esperanças”.
“A gente estava vindo de um dos piores períodos da doença até ali, que foi dezembro, quando muitos casos ocorreram e quando nós tivemos que recusar paciente porque não tinha como [atender]. A vacina veio para ficar, dar esse suporte aos profissionais de saúde que ficaram quase 1 ano na linha de frente sem nenhuma segurança”, declarou Rosana.
A médica ainda ressaltou a importância que os profissionais de saúde tiveram durante a pandemia de Covid-19. “A gente tem que dar vivas às vacinas, mas não podemos esquecer dos profissionais de saúde que deram a vida para salvar outras pessoas”, salientou.
O cenário de hoje – bem diferente do vivido naquela época – é resultado da vacinação, conforme opina o médico infectologista Julio Croda, que é pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
“Com certeza, a vacina sempre foi a mais importante descoberta da saúde pública e salva milhões de pessoas diariamente, desde [os tempos] da varíola até hoje. E a vacina contra a Covid-19 não foi diferente, todas as ofertadas foram muito impactantes, prevenindo milhares de óbitos”, ressaltou Croda.
EVOLUÇÃO
A diferença da vacina pode ser notada quando comparamos ano a ano a evolução da doença, que chegou em Mato Grosso do Sul em março de 2020.
Naquele primeiro ano, foram registrados 133.761 casos confirmados e 2.397 óbitos. Em 2021, o pior ano da pandemia, foram 246.644 diagnósticos da doença e 7.358 mortes.
Apesar da vacinação já estar disponível á época, a quantidade ainda era pouca frente a demanda. Por isso, a fila demorou para andar e muitas pessoas morreram sem nem sequer ter tomado a primeira dose do imunizante.
Já em 2022, com muitas pessoas principalmente do grupo de risco já vacinadas, a queda foi nítida: foram 212.804 casos e 1.202 mortes, queda de 83,6% nos óbitos.
Com mais de 6 milhões de doses aplicadas até o ano passado, os números novamente tiveram redução. Em 2023, foram 29.277 casos e 218 óbitos, queda de 81,8%.
“Relembrar o começo da vacinação é um momento de muita felicidade, porque a situação que nos encontramos hoje mostra como a ciência teve impacto sobre a vida de todas as pessoas, e nós precisamos sempre lembrar disso, pois outras pandemias podem vir e precisamos aprender com os nossos erros”, declarou Croda.
CUIDADOS
Apesar de a doença não ser mais tão severa entre a maioria da população, os médicos alertam que alguns cuidados ainda devem ser tomados, principalmente em relação às pessoas idosas e imunossuprimidas e às crianças menores de 1 ano.
Tanto Croda quanto Rosana Leite frisam que essas pessoas precisam estar com o esquema vacinal completo em dia.