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Escolas começam a se mexer para lidar com uma situação que mais parece enredo de filme B de terror. Um jogo on-line com 50 desafios, cuja etapa final é o suicídio do jogador. O game criminoso “Baleia Azul” começou na Rússia, levou à morte jovens em vários países e já fez vítimas no Brasil. Para educadores, o assunto deve ser abordado considerando aspectos emocionais.
“A internet pode provocar isolamento e tornar diálogos escassos em casa, um contexto propício para jogos perigosos como esse da baleia”, diz a psicopedagoga Josely Magri, diretora do colégio Stockler, no Brooklin (zona sul), que prepara ações preventivas.
A escola acredita que o melhor caminho para ajudar seus alunos seja o diálogo. Segundo a diretora, o excesso da conexão virtual pode estar relacionada com uma “desconexão” com a família e com o mundo real. “O jovem perde a cumplicidade e se isola.” Outra proposta que a instituição adotou é convidar os jovens a criarem jogos diferentes, que tenham como base outros valores. “Já chegaram propostas de games com desafios baseados em demonstração de afeto ou serviços para a comunidade local.”
Outro colégio que está tomando medidas contra o jogo é a COC Sapiens, de Osasco. “Vamos informar os pais sobre cuidados que precisam ser tomados e orientar nossos professores para prestarem muita atenção às mudanças comportamentais”, disse Cris Stersi, diretora pedagógica da instituição.
A rede estadual de ensino informou que elabora plano para orientar a comunidade escolar sobre riscos do game, promovendo debates e projetos que envolvam pais, alunos e professores.
Brincadeiras perigosas
Apesar do destaque do “Baleia Azul”, ele não é o único game perigoso que ameaça jovens na rede, diz a psicóloga Fabiana Vasconcelos, do Instituto DimiCuida, que promove ações preventivas em escolas sobre jogos de riscos, como o do desmaio – um dos mais praticados.
A instituição foi criada depois da morte de um jovem que se envolveu nesse tipo de jogo. “Quando começamos havia cerca de 500 vídeos na internet com adolescentes se arriscando em competições de sufocação, hoje esse número está em torno de 16 mil.”
PR cria força-tarefa por mutilações A Secretaria Estadual de Segurança do Paraná anunciou ontem a criação de força-tarefa para investigar casos de automutilação de adolescentes entre 13 e 17 anos em Curitiba. De terça para quarta-feira, ao menos cinco jovens deram entrada em serviços de saúde na cidade, sendo que um deles teve, comprovadamente, ligação com o jogo “Baleia Azul”. Em outros quatro casos há “fortes suspeitas”, segundo o secretário Vagner Mesquita.
Em Porto Alegre, a Secretaria da Saúde emitiu ontem alerta sobre o aumento de casos de tentativa de suicídio, em especial de crianças e adolescentes, dizendo que a situação pode ter relação com o jogo “Baleia Azul” e com a série da Netflix “13 Reasons Why”.