Folha da Região/PCS
A dona de casa Solange Nery Rodrigues, 37 anos, luta há três meses para conseguir um professor de apoio para o filho dela, José Felipe Rodrigues Silva, de 7 anos, em uma escola municipal de Araçatuba. O menino é autista e, segundo a mãe, mesmo frequentando as aulas não foi alfabetizado nem sabe distinguir cores.
Ela diz ainda que o filho se sente excluído dentre os colegas na escola. Segundo a mãe, por falta de profissional capacitado, foi orientada a não levar o filho na escola durante os dias em que a professora estaria de licença.
Quem cuida do José e de outro aluno especial na Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Francisco Arruda Fernandes, no bairro Santana, é uma estagiária em pedagogia, que substituiria a titular. Por lei, em casos de comprovada necessidade, crianças autistas têm direito a acompanhante especializado.
Solange contou que há cerca de 20 dias registrou boletim de ocorrência porque o filho foi agredido dentro da escola. No dia da agressão, a professora titular faltou e uma estagiária ficou tomando conta dos alunos. Ela própria confirmou o fato. A mãe estuda entrar na Justiça por meio do Ministério Público para conseguir um cuidador especializado.
COMPLEMENTAR
Para amenizar os problemas de aprendizagem do filho, Solange montou em um dos quartos da casa dela uma pequena sala de aula, com quadros e brinquedos para – no pouco tempo que tem – ensinar o filho a ler, escrever e a distinguir as cores. “Eu não tenho formação pra isso. Então, no tempo que eu tenho com ele em casa tento ajudar, ensinar. É difícil”, lamenta.
Duas vezes por semana, José Felipe frequenta um grupo de apoio a autistas na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Araçatuba, como atividade complementar. É nesse núcleo que o menino desenvolve atividades direcionadas com psicóloga e fisioterapeuta. Solange conta que o filho fica agitado em alguns momentos de estresse, por causa do autismo, o que acaba dificultando a integração social dele.
“Eu conheço várias mães que têm a mesma luta que a minha, de não ter uma pessoa especializada para cuidar dos filhos, mas muitas delas não têm coragem de falar, de reclamar na prefeitura, na Secretaria de Educação. E a situação fica desse jeito, sem resolver”, completa.