A migração nordestina, focando qualidade de vida em outras regiões do país em especial o centro-sul, é um processo secular, mas que esconde milhares de diferentes histórias de sucesso ou decepção de muitos brasileiros. Em busca de um emprego, há nove meses o trabalhador rural Antonio Francisco de Souza, de 38 anos, deixou a Capital cearense e seguiu viagem a pé, para tentar a sorte em outra cidade do Brasil.
Souza explica que a seca constante, aliada a situação econômica, foi o que o fez abandonar Fortaleza (CE), onde morava desde que nasceu e partir para Goiânia (GO), em busca do sonho de uma vida melhor, porém a realidade não era exatamente como esperado.
Ele conta que ao chegar em Goiânia percorreu diversos lugares, mas não conseguiu nenhum emprego. Para não voltar para o Ceará, Souza decidiu seguir a estrada e tentar a sorte mais para o sul do Brasil.
Com uma mochila nas costas, que leva suas poucas mudas de roupas e documentos, um saco de pelica que acomoda cobertores e lençóis e apenas um chinelo de dedo, Souza chegou até Coxim neste sábado (22). Ele contou com a ajuda de um caminhoneiro, que o trouxe de um posto de combustíveis, localizado na BR-163 próximo a Sonora e o deixou em Coxim.
Em uma breve conversa com nossa reportagem, o andarilho explica que seus irmãos vivem no nordeste com ajuda do programa Bolsa Família, mas que ele preferiu não constituir família e seguiu em busca de sobreviver com o próprio suor. Segundo ele, nesse período a maior dificuldade é que as pessoas não confiam em lhe oferecer um emprego e agora ele tem vivido de doações e de pequenos “bicos” que consegue realizar ao longo do caminho.
Apesar da falta de oportunidade, Souza diz que não pretende voltar para casa e vai continuar a jornada em busca do tão sonhado emprego.