Cultura
28/10/2012 09:15:57
Exposição em SP apresenta instrumentos musicais do período medieval e barroco
O som do instrumento medieval espineta preenche os corredores da igreja Santo Antonio, construída por volta de 1590, no centro da capital paulista.
Agência Brasil/LD
\n \n O som do instrumento medieval espineta preenche os corredores da\n igreja Santo Antonio, construída por volta de 1590, no centro da capital\n paulista. Arquitetura, acústica e sonoridade transportam os ouvintes à\n atmosfera dos concertos de câmara dos séculos XVI e XVII. \n \n A curiosidade do público em torno dos instrumentos musicais\n antigos utilizados no Projeto Sons das Igrejas do Centro, em funcionamento\n desde março, foi o mote para a montagem da exposição Instrumentos da Música\n Antiga, em cartaz na unidade Carmo do Serviço Social do Comércio (Sesc) até o\n dia 27 de novembro. \n \n A música daquela época era feita para salas pequenas. Os\n instrumentos tinham uma sonoridade mais delicada. É muito bacana fazer [as\n apresentações] nas igrejas, porque elas têm uma acústica adequada. Eles [os\n instrumentos] eram feitos para esse ambiente.\n \n Com isso, levamos a ideia da performance autêntica ao extremo,\n explica Priscila Rahal Gutierrez, responsável pela exposição e supervisora do\n Núcleo de Ação Cultural do Sesc Carmo. Priscila explica que, tanto o projeto\n como a exposição, fazem parte do movimento interpretação autêntica, surgido na\n Europa, na década de 1960, que buscava retomar a execução original das\n composições de grandes maestros.\n \n nbsp;[Surgiu] quando começaram a criticar muito as orquestras\n que tocavam Bach [Johann Sebastian Bach 1685-1750] com instrumentos modernos,\n porque, na verdade, ele não compôs para esses instrumentos. O som que ele fazia\n não era esse, relata a supervisora. \n \n Para a exposição, foram selecionados 19 categorias de instrumentos\n que reúnem 22 modelos como a espineta, equipamento de teclas que foi\n desenvolvido no início do século XV por Giovanni Spinetti. De acordo com a\n responsável pelo projeto, embora lembre um piano moderno, a espineta não deve\n ser considerada como um antecessor dele, tendo em vista que eles conviveram por\n mais de meio século e conservam características específicas.\n \n Enquanto no piano as cordas são marteladas, no instrumento antigo\n as cordas são beliscadas por uma unha feita com o talo de uma pena de ave. A\n espineta não tem muita possibilidade de fazer dinâmico, que é a diferença entre\n sons fortes e fracos. No piano, a força é diferente de acordo com a tecla. De\n fato, o piano passou a permitir mais recursos. Mas Bach não conhecia o piano\n moderno quando produziu suas peças, explica Priscila Rahal. \n \n Além da espineta, a exposição traz, no grupo dos instrumentos de\n tecla, o cravo. A principal diferença entre eles é a posição das cordas em\n relação ao teclado. No primeiro, o ângulo é de 30 graus, no segundo o ângulo é\n reto. A exposição divide os instrumentos em quatro grupos: teclas, sopro,\n cordas dedilhadas e cordas friccionadas. \n \n O clarinete barroco é um dos exemplares dos instrumentos de sopro.\n A supervisora explica que, apesar do equipamento existir atualmente, a\n principal diferença é a presença das chaves no lugar dos furos, que eram\n tampados pelos dedos dos músicos. Tem peça de Mozart que ele compôs para esse\n clarinete, em que a troca de dedos é dificílima. Eram peças virtuosísticas que\n hoje são mais fáceis de tocar, comparou.\n \n Dentre os instrumentos de cordas, o representante comercial Felipe\n Bruno Silva, 28 anos, considerou a viela de roda um dos mais curiosos. Nunca\n tinha visto nada parecido. E o som parece daqueles filmes antigos de guerra da\n Idade Média, lembrou. A viela de roda faz parte do grupo de instrumentos de\n cordas friccionadas, as quais são tensionadas por uma roda movida a manivela e\n alteradas por um teclado. \n \n Os visitantes da exposição podem conferir o som de cada\n instrumento por meio de fones de ouvido. Como parte da exposição, a igreja\n Nossa Senhora da Boa Morte, na rua do Carmo, receberá o concerto A Família Bach\n no próximo dia 30, a partir das 12 horas. A apresentação será constituída por\n flauta doce, violoncelo e cravo, reunindo repertório do século XVIII. \n \n Além do concerto, o projeto inclui bate-papos com instrumentistas\n que vão apresentar de forma mais detalhada os equipamentos. A programação,\n inteiramente gratuita, pode ser conferida no site do Sesc (www.sescsp.org.br). \n \n \n \n \n