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O filme "Los Silencios", coprodução internacional dirigida pela brasileira Beatriz Seigner, guarda o mesmo clima místico do premiado cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul. Em ambos os casos, vivos e mortos perambulam pela selva e invadem a cena sem que sejamos mais capazes de dizer quem é quem.
A comparação com o diretor asiático, que ganhou a Palma de Ouro em 2010 por "Tio Boonmee", foi rapidamente notada pela imprensa estrangeira. Foi o caso da revista especializada "Screen", que guardou elogios à obra de Seigner.
"Los Silencios" foi exibido na Quinzena dos Realizadores, mostra paralela à seleção oficial do Festival de Cannes, nesta sexta (11). A sessão contou com uma plateia formada em grande parte por latino-americanos -o filme também é uma parceria com os colombianos.
A trama, que Seigner afirma ter sido inspirada na história contada por uma amiga, é ambientada na fronteira borrada entre Brasil, Peru e Colômbia e tem como pano de fundo o confronto entre as Farc e os paramilitares nesse último país.
Quando a obra começa, Amparo (Marleyda Soto) e seus dois filhos pequenos estão fugindo do conflito armado, que tirou a vida do marido. Encontram abrigo na palafita de uma tia e esperam conseguir migrar para o Brasil com status de refugiados.
Mas para isso, é necessário que a mulher comprove a morte violenta do marido, cujo corpo não foi encontrado.
É aí que o filme rompe com o tom naturalista e abraça a espiritualidade que o faz ser comparado à produção de Apichatpong. A filha mais velha de Amparo tem visões de um sujeito que visita a casa depauperada onde estão morando. Estaria ele vivo, escondido, ou trata-se de um fantasma?
Seigner usa como base atores achados na comunidade local, o que acaba dando um revestimento documental a seu filme. Quando eles falam sobre o conflito na Colômbia já não se sabe se são personagens ou se falam da própria experiência.
A revista Hollywood Reporter também saudou o desfecho do filme, um "chute no estômago emotivo que chega com toda a força."