A escritora Scholastique Mukasonga, conhecida pela obra que reflete sobre o genocídio de Ruanda, seu país de origem, foi anunciada na programação da edição deste ano da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). Será a primeira vez da autora no Brasil.

Uma das vozes africanas mais premiadas hoje, Mukasonga nasceu em 1956 e viveu em Bugeresa, uma das áreas mais pobres e inóspitas de Ruanda. Dois anos antes do massacre no país, mudou-se para a França, onde vive até hoje. Lá, publicou seus primeiros livros autobiográficos.

Em 2010, a autora lançou seu primeiro romance. O livro, que marca a estreia de Mukasonga no mercado brasileiro, será publicado no país com o título "Nossa Senhora do Nilo" e tradução de Marília Garcia.

A história se passa em Ruanda, em um colégio de Ensino Médio para jovens meninas, onde garotas de origem Tutsi são limitadas a 10% do corpo de alunos. A vida no país, as disputas étnicas que culminaram com o genocídio em 1994, a família e a atuação feminina na reconstrução do país compõem a ficção.

Por ocasião da Flip, também será publicado no Brasil o romance-memorialista "A mulher de pés descalços", sobre o relacionamento da autora com sua mãe, que morreu com os pés descalços - contrariando a tradição local - pela ausência da filha.

Mais sobre a Flip 2017

A 15ª Flip acontecerá de 26 a 30 de julho e vai homenagear o escritor Lima Barreto. Nascido no Rio de Janeiro em 1881 e morto apenas 41 anos depois, o autor é conhecido pelo livro "Triste fim de Policarpo Quaresma" e pelas críticas sociais e políticas ao Rio e ao Brasil.

A obra de Lima Barreto já vinha sendo cogitada como tema de discussões na Flip há alguns anos. E o evento, sobretudo em 2016, foi criticado pela ausência de autores e autoras negras em sua programação.

Marlon James, escritor jamaicano que ganhou o Man Booker Prize, e a autora chilena Diamela Eltit são outros nomes já anunciados para a Flip 2017.