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Às vésperas do prazo final para o saque do saldo das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), na próxima segunda-feira (31), um vendedor de Marília (SP) transformou-se um mais uma das muitas vítimas espalhadas pelo país que foram atacadas por uma quadrilha que rouba essas contas.
O governo publicou decreto prorrogando o prazo para saques até 2018, para situações especiais, mas mesmo assim o vendedor Thiago Ferreira da Silva ainda não sabe se conseguirá colocar a mão no dinheiro a que tem direito.
Cerca de R$ 800 milhões ainda estão nas contas da Caixa Econômica Federal à espera do saque, mas ao contrário dos cerca de 5 milhões de brasileiros que ainda não foram buscar seu saldo, o vendedor de Marília não pegou sua parte porque o dinheiro simplesmente sumiu de sua conta pouco antes dele fazer o saque.
Thiago está há três meses tentando receber cerca de R$ 3 mil de suas contas inativas. O vendedor acessou o sistema da Caixa através do aplicativo do banco para isso, forneceu dados como PIS e CPF, consultou o saldo referente a cada empresa e o valor correto estava disponível na conta. Porém, no dia do saque, a conta estava zerada.
“Não tinha nada na conta, descobri que tinham sacado. O atendente da Caixa falou que o valor já tinha sido pago, e eu falei que eu não tinha feito isso. Ele me informou que o valor foi sacado sem o cartão, só com a senha”, contou o vendedor, que aguarda uma resposta do banco para resolver o problema.
Thiago foi apenas mais uma das muitas vítimas que vêm sofrendo com os ataques dessa quadrilha. No início de junho, a Polícia Federal prendeu 20 pessoas suspeitas de fraudar contas inativas do FGTS. Um mês depois, no último dia 8, outras 30 pessoas também foram presas pelo mesmo crime, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Santos.
Para roubar as contas inativas, a quadrilha criou um site falso da Caixa e enviava emails e avisos em redes sociais para roubar os dados dos trabalhadores. O interesse maior dos suspeitos era por saques de até R$ 1,5 mil, quantia que não exige apresentação de documentação e pode ser feita apenas com a digitação dos dados do trabalhador em caixas automáticos.
O advogado Leonardo Leandro dos Santos, especialista em direito previdenciário consultado pela reportagem, explica que o trabalhador, antes de tudo, precisa tomar cuidado ao informar os dados em sites ou aplicativos. Caso tenha caído no golpe, é necessário procurar uma agência da Caixa para informar o problema.