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Economia
18/10/2018 16:30:00
Brasil 'perdeu' 36 mil milionários em 2018, diz relatório

G1/LD

O número de brasileiros com mais de US$ 1 milhão recuou 19% em 2018, na comparação com o ano passado, segundo um relatório do banco Credit Suisse. Essa queda representa 36 mil milionários a menos: no ano passado, o banco havia contabilizado 190 mil milionários no país, número que caiu para 154 mil este ano.

O recuo, no entanto, está em grande parte ligado à desvalorização do real em relação ao dólar: desde outubro de 2017, o dólar acumula alta de cerca de 12,5% frente à moeda brasileira.

De acordo com o relatório, a "riqueza por adulto" no país em reais, em termos nominais, cresceu desde 2011, mas os ganhos foram principalmente por conta da inflação. Em dólares, houve queda de 36% no mesmo período. O levantamento ressalta que, de 2000 a 2011, a riqueza por adulto havia mais que triplicado, passando de US$ 8.040 para US$ 26.200 por adulto. Este ano, a riqueza média por adulto foi estimada em US$ 16.664. No mundo, esse valor ficou em US$ 63.100.

"A história da economia brasileira e da riqueza de suas famílias tem sido uma de expansão rápida e estouro da bolha", diz o texto, que ressalta que a inflação está subindo, o desemprego estava em 12% em meados do ano e o Produto Interno Bruto deve crescer apenas 1,5% este ano.

O relatório aponta ainda que o Brasil tem cerca de 3 milhões de pessoas entre os 10% mais ricos do mundo, e 184 mil pessoas entre os 1% mais ricos do globo. Ainda assim, o Brasil tem uma parte maior de sua população com menos de US$ 10 mil do que o observado no mundo como um todo (74% contra 64%).

"Isso é resultado do alto nível de desigualdade do país", afirma o Credit Suisse, que estima que o 1% mais rico entre os brasileiros detenham 43% da riqueza das famílias do país.

Brasil foi o que mais perdeu riqueza

Entre os países analisados, o Brasil foi o que mais perdeu riqueza de 2017 para 2018, estimada em em US$ 380 bilhões (principalmente por conta da desvalorização cambial), seguido pela Turquia (US$ 130 bilhões) e Argentina (US$ 130 bilhões). O relatório ressalta, no entanto, que o resultado da Venezuela foi provavelmente pior, mas que não foram capazes de fazer uma estimativa confiável por conta do colapso cambial do país.

Com a desaceleração econômica do Brasil nos últimos três anos e a crise cambial da Argentina, o Credit Suisse afirma que espera que o crescimento da riqueza na América Latina perca força. "Nos próximos cinco anos, a América Latina deve crescer o equivalente a três 'anos dos Estados Unidos' desde 1944, alcançando quase US$ 9 trilhões em termos reais até 2023", diz o texto.

No mundo

Em relação ao relatório de 2017, o Credit Suisse aponta que a riqueza global agregada cresceu US$ 14 trilhões, alcançando US$ 317 trilhões - um crescimento aproximado de 4,6%. Embora tenha sido menor que o registrado no ano anterior, a riqueza cresceu mais que a população global, levando a riqueza por adulto a crescer cerca de 3,2%. Segundo o banco, as mulheres detêm cerca de 40% da riqueza global.

Já o número de milionários cresceu em 2,3 milhões globalmente, alcançando 42,2 milhões. Os Estados Unidos registraram o maior crescimento, somando mais 878 mil milionários no ano, ou cerca de 40% de toda a expansão mundial. França, Alemanha e Reino Unido ganharam cada um cerca de 200 mil novos milionários.