G1/AB
Já nos onze primeiros meses deste ano, segundo a autoridade monetária, ainda foi contabilizado ingresso de dólares no país. No acumulado deste ano, US$ 4,76 bilhões entraram na economia brasileira. No mesmo período de 2013, houve retirada de US$ 3,48 bilhões do Brasil.
Impacto no dólar
A retirada de recursos registrada em novembro favoreceria, em tese, a alta do dólar. Isso porque, com menos moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia, teoricamente, a ficar maior. No mês passado, de fato, o dólar registrou valorização. No fim de outubro, estava cotado a R$ 2,47, passando para R$ 2,57 no fechamento de novembro - uma alta de 3,75%.
Além do fluxo de dólares, outros fatores também influenciam a cotação do dólar no Brasil. Entre elas, estão o comportamento da economia norte-americana e das as sinalizações sobre a política monetária nos Estados Unidos.
Os indicadores da economia brasileira, que pioraram nos últimos anos e os fracos resultados dos últimos meses, além das intervenções do Banco Central no mercado futuro da moeda norte-americana, por meio da oferta dos contratos de "swap cambial" – instrumentos que funcionam como venda de dólares no mercado futuro, com impacto no mercado à vista – também impactam a cotação do dólar no Brasil.
Nos Estados Unidos, a expectativa dos analistas é de continuidade da retirada de estímulos à economia, que começa a dar sinais de recuperação. No futuro, pode haver até mesmo aumento de juros nos Estados Unidos, o que tenderia a gerar retirada de dólares do Brasil, em direção aos EUA, e pressão de alta na cotação da moeda norte-americana.
O BC brasileiro, porém, também tem prosseguido com suas intervenções diárias no mercado com os "swaps cambiais". Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, informou que o atual estoque de swaps cambiais (que equivale a cerca de US$ 105 bilhões dólares) já atendia de "forma significativa" à demanda por proteção cambial da economia - o que causou pressão no dólar. No dia seguinte, porém, ele negou que teria sinalizado mudança no programa de intervenção no câmbio.
Como funcionam os swaps cambiais
Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.
É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Assim, o BC acalma a procura por dólares sem mexer nas reservas internacionais.
O investidor, preocupado com a tendência de alta, tem interesse em comprar dólares. Quando aceita a operação, fica estimulado a querer a queda ou a manutenção do dólar, para que não tenha que pagar ao banco mais do que receberá em juros. Essa taxa, normalmente, acompanha a Selic, que é a taxa básica da economia brasileira e hoje está em 11,25%. Se o dólar tiver variação acima disso, por exemplo, quem perde é o investidor.