Midiamax/LD
Nos últimos doze meses, Mato Grosso do Sul acumulou uma alta de 22,98% nos custos da construção civil. O levantamento foi realizado pelo Sinapi (Índice Nacional da Construção Civil), calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em Campo Grande, esse aumento torna as obras cada vez mais caras e deixa o sonho da casa própria cada vez mais distante.
De acordo com presidente da Acomasul (Associação dos construtores de Mato Grosso do Sul), Diego Canzi Dalastra, o setor enxerga a situação com grande preocupação. Segundo ele, esses números retratam uma realidade sofrida por todo o setor, e se comparado com o ano de 2020, o atual aumento contabiliza quase 50%. Dessa forma, uma casa popular está torno de 20% a 25% mais cara em relação aos últimos doze meses.
“Esse aumento é gradativo, porque o lapso temporal das obras leva em torno de 6 meses. A gente está passando por um período de transição onde ainda existem imóveis com o custo antigo, imóveis sendo finalizados e imóveis iniciados agora. Muito provavelmente, o consumidor final vai sentir todo essa alta no bolso, perto do meio do ano”, explicou o Diego Canzi.
Sonho de muitos brasileiros, a conquista da casa própria pode ficar mais distante diante da inflação. Com o preço dos matérias para construção só aumentado, a associação enxerga com preocupação um futuro não tão distante, onde o valor dos imóveis aumente proporcionalmente, e junto o custo da parcela de um financiamento.
“Nossa grande preocupação e se o consumidor fina terá capacidade financeira para absorver todos esses aumentos. Nos últimos doze meses o resultado é positivo e o nosso setor cresceu, porém vemos com muita preocupação e certa instabilidade para o cenário futuro. Diante da dificuldade que o consumidor final terá com esses repasses dos aumentos”, explicou.
Lidando com os aumentos na prática Literalmente com a mão na massa durante uma reforma, o mestre de obras João Lise, de 62 anos, afirma que na prática o valor do acumulado é muito maior do que o calculado pelo IBGE. “Eu acredito que esse valor já passou faz tempo. Está muito maior. Esse telha de amianto era R$60,00 e hoje você paga quase R$100,00”, explicou.
Trabalhando com construção e reforma a mais de 40 anos, João cita a pandemia do coronavírus como um divisor de águas negativo para o trabalhador do setor.
“Depois da pandemia os matérias de construção subiram em 100%. Só o que não subiu nesses últimos dois anos foi o salário do trabalho. Se brincar, hoje uma reforma custar mais caro do que fazer novo. A dois anos atrás saia R$ 300,00 o metro quadrado. Hoje está entre R$ 500,00 e R$600,00 o custo do metro quadrado para reformar uma casa”, finalizou João.