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Depois de ir à máxima de R$ 3,15, o dólar engatou um movimento de correção e terminou a quinta-feira em queda firme, influenciado também pela perda de força da moeda no exterior, em dia de expectativa pela eventual segunda denúncia contra o presidente Michel Temer pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O dólar recuou 0,72%, a R$ 3,1155 na venda, depois de atingir a máxima de R$ 3,1509. O dólar futuro cedia 0,70%. Nos três pregões anteriores, a moeda havia acumulado elevação de 1,41%.
"Quando a moeda chega em R$ 3,15, sempre atrai vendedores, não há espaço para o dólar ir além", justificou o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior.
Essa correção da moeda teve como pano de fundo a expectativa por uma nova denúncia contra Temer. Fontes ouvidas pela Reuters informaram que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai denunciar o presidente por organização criminosa e obstrução de Justiça. Janot também incluirá na lista dos denunciados o empresário Joesley Batista, da Jamp;amp;F, após ele ter perdido temporariamente sua imunidade penal.
"A leitura de investidores (sobre a denúncia) é mais parcimoniosa, em especial pela noção predominante de que a Câmara deverá barrar a 2ª denúncia, assim como fez na 1ª", comentou a corretora H.Commcor em relatório.
As apostas sobre a nova denúncia cresceram depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou por unanimidade, na véspera, a arguição de suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, feita pela defesa do presidente Temer.
Janot deixa o cargo no final de semana, substituído por Raquel Dodge a partir de segunda-feira, o que limita o prazo para a nova denúncia.
O STF também decidiu por unanimidade na quarta-feira suspender o julgamento sobre um pedido feito pela defesa de Temer para paralisar uma eventual nova denúncia.
No exterior, o dólar perdeu força e isso contribuiu para aprofundar a queda ante o real. O dólar caía ante uma cesta de moedas fortes e também ante divisas de países emergentes, como os pesos mexicanos e chileno.
Mais cedo, saíram dois dados mais fortes sobre a economia norte-americana, que poderiam reforçar apostas para uma terceira alta de juros no país ainda este ano. O número de pedidos de auxílio-desemprego, por exemplo, surpreendeu ao cair na semana passada, mas os dados têm que ser relativizados porque foram impactados pelos furacões Irma e Harvey.
Já a inflação ao consumidor subiu 0,4% em agosto ante previsão de elevação de 0,3%. Mas uma das razões para a alta foi o avanço dos custos com gasolina, decorrentes do furacão Harvey, que provocou o fechamento temporário de refinarias.
O Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão. Em outubro, vencem US$ 9,975 bilhões em contratos de swap cambial tradicional --equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.