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O dólar fechou em alta nesta terça-feira (1) após atingir R$ 3,70 pela primeira vez desde 2002, refletindo a aversão ao risco nos mercados externos diante de renovadas preocupações com a China e nervosismo com a possibilidade de o Brasil perder seu selo de bom pagador nos mercados diante da deterioração das contas públicas.
A moeda norte-americana subiu 1,68%, a R$ 3,688. Este é o maior nível de fechamento desde 13 de dezembro de 2002, quando a moeda terminou o dia cotada a R$ 3,735, segundo a Reuters.
Na máxima do dia, perto das 16h, a divisa norte-americana alcançou R$ 3,7040, maior nível intradia desde 13 de dezembro de 2002 (R$ 3,7750).
No ano, o dólar acumula alta de 38,71%.
Veja como foi a cotação ao longo dia: Às 9h20, subia 0,63%, a R$ 3,6502. Às 10h10, subia 1,13%, a R$ 3,6683. Às 10h39, subia1,04%, a R$ 3,6650. Às 11h20, subia 1,13%, a R$ 3,6681. Às 12h10, subia 1,29%, a R$ 3,6742. Às 12h48, subia 1,32%, a R$ 3,6751. Às 13h39, subia 1,06%, a R$ 3,6656. Às 14h33, subia 1,5%, a R$ 3,6815. Às 15h20, subia 1,55%, a R$ 3,6836. Às 16h18, subia 1,81%, a R$ 3,6927.
'Casa não está em ordem' O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, declarou nesta terça, durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que é evidente que a "casa não está em ordem" e acrescentou que o país tem de crescer e aumentar o nível de confiança na economia para não ver o dólar "disparar".
"É evidente que a casa não está em ordem e a gente precisa crescer e ter a confiança para não ver o dólar disparar", afirmou o ministro da Fazenda.
Operadores continuavam apreensivos com as perspectivas para as contas públicas brasileiras, após o governo enviar ao Congresso na véspera Orçamento prevendo inédito déficit primário (gastos maiores que as receitas, sem contar os juros) no ano que vem.
"Se agosto foi ruim, setembro começa tão mal quanto", escreveu o operador da corretora SLW João Paulo De Gracia Corrêa, em nota a cliente.
O temor do mercado é que, sem as contas em ordem, o Brasil possa perder o grau de investimento pelas agências internacionais de risco. Sem esse "selo de bom pagador", o país perderia investimentos estrangeiros.
"O mercado está apostando que o grau de investimento cai até o fim do ano", disse à Reuters o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Dados da indústria na China A atividade no setor industrial da China encolheu à taxa mais forte em ao menos três anos em agosto, mostrou o índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial.
Preocupações com a economia chinesa, referência para investidores em mercados emergentes e importante parceiro comercial do Brasil, têm provocado apreensão nos mercados globais.
Nervosismo doméstico No Brasil, o mercado demonstrava cada vez mais nervosismo sobre a perspectiva de perda do selo de bom pagador do país diante da deterioração das contas públicas do país.
Em relatório intitulado "Admitindo a Derrota", a estrategista para a América Latina do grupo financeiro Jefferies, Siobhan Morden, afirmou que, ao admitir déficit primário para o ano que vem, o governo "completamente paralisa o processo de ajuste". Ela ressaltou ainda que eventual saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, do governo não seria mais uma surpresa tão grande quanto há alguns meses.
Intervenção do BC no câmbio Nesta manhã, o Banco Central brasileiro deu início à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, com a venda integral de 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Se mantiver esse ritmo até o penúltimo pregão do mês, como de praxe, a autoridade monetária rolará o lote integral, correspondente a US$ 9,458 bilhões.
Na véspera, o BC fez leilão de venda de dólares com compromisso de recompra, mas a intervenção não foi suficiente para evitar que a moeda norte-americana subisse mais de 1% sobre o real. Como nos últimos meses, o Banco Central não fez leilão de swaps cambiais no último pregão de agosto.