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O dólar sobe pelo 7º dia seguido, ultrapassando o patamar de R$ 4,10 nesta quinta-feira (23). A tentativa de correção da moeda norte-americana está sendo ofuscada pelo cenário externo, após Estados Unidos e China aplicarem nova rodada de tarifas comerciais entre si, e pelo cenário eleitoral nos últimos dias, com os investidores repercutindo as primeiras pesquisas de intenção de voto.
Às 15h53, a moeda norte-americana subia 1,61%, vendida a R$ 4,1182. Na máxima do dia até o momento, chegou a R$ 4,1128. Veja mais cotações.
O dólar turismo, sem a cobrança de IOF, era vendido a R$ 4,29.
"O investidor corrige um pouco, mas não quer ficar vendido (aposta na queda do dólar) em dólar. Não há muito espaço para realização maior com as notícias atuais", afirmou à Reuters o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior, para quem o 'piso' nesse momento seria de pelo menos R$ 4.
Desde o início do ano, a moeda norte-americana já acumula avanço de mais de 22%. A tendência de alta, que havia perdido fôlego a partir de junho, voltou em agosto em meio às incertezas eleitorais e ao cenário externo menos favorável, fazendo o dólar saltar do patamar de cerca de R$ 3,70 para o atual de R$ 4.
Investidores têm comprado dólares em resposta a pesquisas que mostram uma fraqueza de candidatos voltados a reformas alinhadas com o mercado. A busca pela moeda indica que o mercado prefere ativos mais seguros em momentos de incerteza, o que leva ao enfraquecimento do real.
Já o principal índice de ações da bolsa brasileira opera em queda nesta quinta-feira (23), com agentes financeiros atentos a movimentos no cenário externo, entre eles a disputa comercial entre Estados Unidos e China, mas sem tirar do radar o panorama eleitoral brasileiro.
Cenário externo
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas impulsionado pela incerteza política, nova rodada de tarifas comerciais e pela ata da última reunião do banco central dos Estados Unidos que sinalizou aumento da taxa de juros em setembro.
Os Estados Unidos e a China intensificaram a sua guerra comercial que já dura meses, implementando tarifas de 25% sobre US$ 16 bilhões em produtos um do outro, abalando os investidores que buscavam segurança no dólar.
O dólar também subia ante divisas de países emergentes, com destaque para o rand sul-africano, depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, expressou no Twitter suas preocupações sobre a reforma agrária do país, e o rublo, com o aumento do risco de mais sanções dos EUA à Rússia.
Atuação do BC
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando 4,08 bilhões de dólares do total de 5,255 bilhões de dólares que vence em setembro.
Analistas ouvidos pela Reuters avaliam que, por enquanto, o BC não deve interferir no mercado cambial, uma vez que o movimento do real, apesar de pautado principalmente pela cena eleitoral, não está muito diferente do comportamento de outras divisas emergentes. Além disso, não há falta de liquidez no mercado, nem fuga de capital.
O nervosismo gera maior demanda por proteção, o que pressiona a moeda. Isso significa que exportadores, empresas com dívidas em dólar e turistas preocupados correm para comprar e ajudam a elevar o preço.
Última sessão
Na véspera, a moeda norte-americana subiu 0,42%, vendida a R$ 4,0529. Foi o valor mais alto desde o dia 16 de fevereiro de 2016, quando terminou a sessão a R$ 4,0684. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,0908.
Nas casas de câmbio, porém, a moeda chegou a ser negociada acima dos R$ 4,50, já considerando o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). Em espécie, a cotação girou entre R$ 4,25 e R$ 4,29, segundo levantamento feito pelo G1.