UOL/PCS
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) bloqueou, nesta quinta-feira, 19, R$ 445 milhões do orçamento destinado ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) para 2025, o equivalente a 42% da dotação prevista. Do total, R$ 354,6 milhões foram bloqueados e outros R$ 90,5 milhões contingenciados.
Para 2025, a dotação orçamentária inicial era de R$ 1,06 bilhão, o que indica que o bloqueio compromete quase metade da capacidade de apoio do programa. Os bloqueios se referem a despesas que precisam ser cortadas porque ultrapassam o teto de gastos, por isso têm chances menores de reversão. Já os contingenciamentos podem ser revertidos, porque se meta fiscal for atingida com receita extra, os valores são descontingenciados.
A subvenção ao prêmio do seguro rural é um auxílio financeiro do governo para reduzir o custo do seguro para os produtores e fomentar a contratação da apólice. No momento, o modelo de subsídio está desgastado, porque as contratações são caras e, em caso de danos, muitos produtores rurais relatam que o valor da apólice mal cobre o custeio da safra.
Segundo o Atlas do Seguro Rural do Ministério da Agricultura, em 2024, quase 86 mil produtores rurais contrataram mais de 136 mil apólices de seguro, sendo 67,5% para grãos, seguido de frutas, café e pecuária. Este ano, pouco mais de 13 mil produtores aderiram ao PSR, o que reflete em torno de 16 mil apólices até o momento.
Quem estava aguardando a entrada da próxima safra para contratar novas apólices, agora deve colocar o pé no freio, porque o valor bloqueado pelo governo federal também afeta os recursos subsidiados.
Vale lembrar que, no dia 11 de junho, o ministro Carlos Fávaro se encontrou com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para falarem do Plano Safra 25/26. Entre as pautas estava o seguro rural, mas fica a dúvida se eles realmente falaram sobre a modernização do modelo de seguro ou dos cortes.
Parlamentares ligados à Bancada Ruralista devem pressionar o governo a favor da recomposição dos recursos e maior clareza sobre a execução orçamentária do PSR em 2025.
Israel x Irã: o alerta vermelho para os preços de fertilizantes
A guerra no Oriente Médio tem implicações globais e afeta o agronegócio brasileiro, mas a preocupação maior continua sobre a produção e comercialização dos fertilizantes, sobretudo a ureia.
O Irã é um dos maiores produtores e exportadores mundiais do insumo, com capacidade de produção anual de cerca de 9 milhões de toneladas, das quais entre 4,5 e 5,5 milhões são exportadas. O Brasil importa aproximadamente 17% desse volume, sendo um dos principais destinos da ureia iraniana.
Além disso, as tensões no Oriente Médio também já levaram à interrupção da produção de ureia no Egito, afetado pela produção reduzida de gás em Israel. Após os ataques de Israel, segundo a Scot Consultoria, a cotação da ureia subiu 5,6%, em função da uma possível interrupção da exportação.
O cenário é complexo, pois, além do Irã, outros produtores de nitrogenados e potássicos estão na região. Os fertilizantes nitrogenados dependem do gás natural, cujo preço está atrelado ao petróleo. Com a alta no preço do petróleo, os custos de produção e transporte dos fertilizantes também aumentaram. Além disso, há o risco das rotas que passam pelo Oriente Médio.
As indústrias de fertilizantes e de segmentos correlatos acompanham o possível bloqueio do Estreito de Ormuz, pois ele liga o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã, rota essencial para o transporte de commodities - inclusive o petróleo. Com menos oferta e aumento nos custos logísticos, a tendência é de pressão sobre os preços no Brasil, segundo a consultoria.
A paralisação da produção egípcia, a instabilidade iraniana e o impacto sobre o escoamento de cargas devem ser monitorados pelo produtor rural para calcular o custeio da safra 2025/26. "Mesmo antes do conflito, não se previa queda nos preços em curto prazo. Agora, com o agravamento geopolítico, o cenário está sujeito a choques reais de oferta. Neste contexto, antecipar compras e acompanhar os indicadores internacionais são atitudes recomendáveis para manter a competitividade", indica a consultoria.