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Em abril, o racionamento de energia chega para todo o país e quem vivenciou aquele de 2001 já pode se preparar para algo pior, que deve se estender até 2016.
Embora o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, evite falar do assunto, já admitiu a possibilidade em entrevista à imprensa e há relatos de que técnicos do governo Federal estão definindo as medidas a serem adotadas e divulgadas por meio de uma campanha publicitária de conscientização para a redução do consumo, segundo o economista Fernando Abrahão.
Com base no último racionamento, que se deu entre julho de 2001 e fevereiro de 2002, e no ocorrido em 1987, o economista prevê que a multa para quem ultrapassar a meta seja estabelecida entre 5% e 30%. Por ter maior número de indústrias operando, o Sudeste deve pagar mais caro em relação as demais regiões.
O governo deve elevar os impostos sobre produtos que consomem mais energia para que a população prefira os que gastam menos. A iluminação de ruas e praças será reduzida e, caso as condições de energia continuem ruins e as hidrelétricas não contem com mais chuvas, serão determinadas ainda outras medidas.
“Se a situação se agravar, e isso pode acontecer, o Brasil deve comprar energia de países como Bolívia e Paraguai, pode haver interrupção de fornecimento em certas datas, suspensão de novas ligações e aumento de carga e podem ser decretados até feriados para reduzir consumo de empresas e indústrias, como aconteceu no racionamento de 13 anos atrás”, destaca o economista.
A maior crise energética dos últimos 20 anos não será apenas um transtorno para o dia a dia dos brasileiros, mas causará a retração econômica e deve abalar o país, pelo menos, nos próximos dois anos, segundo Fernando. “A indústria é muito dependente da energia. Se ela tiver que diminuir o consumo vai impactar demais na economia do país”.
De acordo com o economista, a falta de atenção aos investimentos em transmissão e geração são os motivos que submetem o Brasil a uma situação que poderia ser evitada, mesmo com o deficit de água. “Há usinas prontas para gerar energia, mas não existe a rede de transmissão pronta para fazer o transporte da energia. Em contrapartida, existem localidades com rede transmissão e a construção das usinas estão com dois ou três anos de atraso. Dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) indicam que 80% das obras estão atrasadas. Uma que poderia suprir essa demanda é a de Angra III, que está há 35 anos sendo construída”, explica Fernando.
A falta de planejamento, na avaliação do economista, é responsável em 60% pela crise hídrica que o país enfrenta. “Claro que a falta de água também causou isso, mas o Brasil poderia estar mais preparado como outros países estão. Além disso, o consumo aumenta todos os anos de 3% a 4%, pois as famílias adquirem cada vez mais eletrodomésticos, com a melhora da qualidade de vida”, comenta.