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Economia
24/01/2018 18:34:00
Ibovespa dispara e dólar cai a R$ 3,15 em dia de julgamento de recurso de Lula
Bolsa teve a maior alta desde 2016; mercado financeiro reage a expectativas sobre o cenário eleitoral deste ano, de olho em reformas e ajuste fiscal.

G1/PCS

A bolsa teve dia de alta e o dólar, de queda sobre o real nesta quarta-feira (24), reagindo ao julgamento no 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que manteve a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex em Guarujá (SP).

O dólar caiu 2,44%, vendido a R$ 3,159 – o menor valor desde outubro. Já o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, subiu 3,72%, aos 83.680 pontos, renovando patamar recorde histórico, em termos nominais. Além disso, a alta diária da bolsa é a maior desde o novembro de 2016. No primeiro mês do ano, o dólar acumula queda de 4,69% e a bolsa, alta de 9,53%.

O mercado monitora o julgamento há várias semanas, de olho nas possibilidades para as eleições presidenciais de 2018, já que a condenação pode tornar Lula inelegível. O ex-presidente, que vinha liderando as pesquisas de intenção de voto, é visto pelo mercado financeiro como um candidato menos comprometido com a continuidade de reformas de ajuste fiscal consideradas importantes para reequilibrar as contas públicas.

**"O aspecto principal que o mercado observa é a necessidade que o presidente que for eleito dê continuidade às reformas de ajuste fiscal, e a da Previdência é a principal delas neste momento", diz o analista-chefe da Rico Investimentos, Roberto Indech. **

Ele aponta que não há expectativa que essa reforma seja votada ainda neste ano, o que adia a discussão para 2019 aumenta o foco dos investidores sobre a disputa eleitoral.

A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, também comenta que o foco do mercado no que diz respeito às eleições é a possibilidade de aprovação de medidas de ajuste. Ela ainda comenta que, caso as perspectivas sobre isso sejam positivas, a tendência é que o otimismo no mercado se prolongue.

"Ativos brasileiros tendem a se valorizar – câmbio, bolsa etc –, com consequências positivas para a inflação e para os juros. Para a reforma da Previdência, não vejo alterações significativas", diz Zara.

No entanto, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, ressalva que "o episódio de hoje pode ter sido dramático, mas está longe de ser definitivo", apontando que "ainda teremos muitos desdobramentos da campanha de Lula para se tornar candidato à presidência".

O placar

Durante o julgamento, os economistas permaneceram atentos a pistas sobre qual seria o placar final da votação, que contou com as decisões de três desembargadores. Isso porque, com divergência entre eles, a defesa de Lula teria possibilidades mais amplas de questionar a decisão por meio de recursos.

"O mercado entende que uma condenação em segunda instância que não seja por unanimidade pode dar força para a candidatura do ex-presidente Lula", comentou em nota Fernando Bergallo, Diretor de Câmbio da FB Capital.

Até a decisão final, no entanto, a defesa de Lula tem vários recursos para adiar o processo e tentar evitar que, no dia dos registros das candidaturas, em 15 de agosto, ele possa ser considerado inelegível.

Para o economista sócio da Go Associados, Gesner de Oliveira, a leitura do mercado é de que, independentemente do placar, a decisão de manter a condenação enfraquece a candidatura de Lula, o que aumenta o otimismo com mais chances de eleição de um candidato pró-reformas.

'Vida normal'

Em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial, o presidente Michel Temer minimizou os efeitos das expectativas de investidores sobre o julgamento nos mercados financeiros.

Questionado se uma eventual condenação de Lula poderia resultar em “mercado turbulento”, Temer afirmou que não espera instabilidade. "Não acredito, não, é vida normal", disse.