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O número de brasileiros com nome sujo teve alta de 3,63% em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado, a 11ª alta consecutiva nesta base de comparação. É o que aponta o levantamento divulgado nesta quinta-feira (13) pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito.
De acordo com a pesquisa, estima-se que há no país 62,9 milhões de consumidores inadimplentes. Isso significa que 41% da poulação adulta do país enfrenta dificuldades para controlar empréstimos, obter financiamentos ou realizar compras parceladas.
Apesar da longa série de aumento no número de inadimplentes, a alta de agosto foi menor que a dos dois meses anteriores. Em julho, o indicador teve alta de 4,31%, e em junho de 4,07% - também na comparação com os mesmos meses do ano passado.
Já na comparação mensal, ou seja, de julho para agosto, houve ligeira queda (-0,71%) no número de brasileiros com conta em atraso. Foi a segunda queda seguida. Para o presidente da CNDL, José Cesar da Costa, apesar do recuo, a situação econômica do país segue desfavorável para os consumidores quitarem suas dívidas.
"A recuperação econômica mais lenta do que o esperado cria dificuldades para a gestão do orçamento das famílias, frustrando planos e a volta do consumo. A reversão desse quadro passa por uma aceleração da atividade econômica, em especial, do emprego e renda, que são os fatores que mais pesam para a confiança do consumidor”, disse Costa.
Alta entre idosos e queda entre jovens
A maior parte dos 62,9 milhões de inadimplentes tem entre 30 e 39 anos. No entanto, segundo o SPC, é entre a população mais velha que se observa o maior aumento da inadimplência.
Segundo o levantamento, na comparação com agosto de 2017, aumentou em 9,56% a quantidade de inadimplentes com idade de 65 a 84 anos. Na faixa etária de 50 a 64 anos, a alta foi de 6,26%, enquanto na população de 40 a 49 anos, o aumento foi de 4,77%. Entre os consumidores de 30 a 39 anos, a alta foi de 1,69%.
Entre os jovens, porém, a inadimplência apresentou queda no período. Entre aqueles de 18 a 24 anos, a redução do número de negativados foi de -23,20%, enquanto na faixa de 25 a 29 anos, o recuo foi de -5,63%.
Segundo o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o comportamento distinto entre as faixas etárias é reflexo da entrada tardia dos jovens no mercado de trabalho e também da permanência prolongada dos idosos como força produtiva do país.
“Fora do mercado de trabalho pelas mais diversas razões, seja estudo, desemprego ou por opção, muitos desses brasileiros acabam ficando também fora do mercado de crédito, reduzindo o contingente de potenciais inadimplentes. Já entre os idosos, que estão permanecendo por mais tempo no mercado de trabalho, a renda mais curta nessa faixa etária e o aumento expressivo de gastos com saúde, por exemplo, podem desajustar o orçamento”, analisou.
Dívidas bancárias têm a maior alta
A pesquisa revelou que as dívidas bancárias, que englobam cartão de crédito, cheque especial e empréstimos, tiveram alta de 7,03% em agosto na comparação com igual mês de 2017. Entre os setores credores, foi a que apresentou a alta mais expressiva.
O setor de serviços básicos, como água e luz, foi o segundo com maior aumento de inadimplência no período, apresentando alta de 3,42%. Os atrasos no crediário do comércio caíram -6,01%, enquanto as pendências com TV por assinatura, internet e telefonia se mantiveram estáveis, com avanço de 0,01% no período.
O SPC destacou que em termos de participação, mais da metade (52%) de todos os compromissos financeiros não quitados pelo brasileiro foi contraída em bancos ou financeiras, seguidas do comércio (18%), setor de comunicação (14%) e emprestas prestadoras de serviços básicos (8%).
Metodologia
O indicador de inadimplência do consumidor é formado a partir de todas as informações disponíveis nas bases de dados às quais o SPC Brasil e a CNDL têm acesso. As informações disponíveis referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação. A estimativa do número de inadimplentes apresenta erro aproximado de 4 p.p., a um intervalo de confiança de 95%.