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Após três meses de queda, os juros do cartão de crédito rotativo voltaram a crescer em fevereiro e atingiram 339,9% ao ano, informou nesta segunda-feira (26) o Banco Central. A alta foi de 5,9 pontos percentuais na comparação com a taxa registrada em janeiro (327,9%).
No ano passado, o Banco Central mudou as regras para uso do crédito rotativo do cartão, que é quando o cliente não paga o total da fatura. Desde então, o consumidor só pode fazer o pagamento mínimo de 15% do cartão por um mês. Na fatura seguinte, o banco não pode mais estender a dívida e o cliente tem que escolher entre pagar o valor total ou parcelar o débito, com juros mais baixos.
O objetivo da medida, segundo o governo, era reduzir os juros do rotativo, que ultrapassava os 500% ao ano. Esse resultado foi parcialmente alcançado, uma vez que essa taxa tem caído gradualmente. Entretanto, a taxa ainda se encontra em patamar muito elevado.
De acordo com o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o aumento dos juros do rotativo em fevereiro se deve à alta do uso de cartão de crédito de instituições que cobram taxas mais altas dos clientes.
"As taxas aumentaram nos dois últimos meses em função basicamente da entrada de novos participantes nesse mercado com taxas de juros mais elevadas", disse Rocha. Ele informou que os juros cobrados por instituições financeiras maiores no setor de cartões permaneceram estáveis.
Na semana passada o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a 12ª redução seguida da taxa básica de juros (Selic), que passou de 6,75% ao ano para 6,5% ao ano.
A taxa de 6,5% ao ano é a menor desde a adoção do regime de metas para a inflação, em 1999, e também de toda a série histórica do BC, iniciada em 1986.
Em comunicado, o Copom sinalizou que pode fazer uma nova redução moderada da taxa básica de juros na próxima reunião, em 16 de maio.
Cheque especial
O cheque especial, outra modalidade que cobra taxas elevadas do cliente, registrou pequena queda em fevereiro e fechou em 324,1% ao ano.
Em janeiro, a taxa do cartão estava em 324,7% ao ano.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou, no mês passado, que a autoridade monetária estuda "várias coisas" visando a queda das taxas cobradas pelos bancos.
Crédito bancário
Quando se leva em consideração todas as operações de crédito para pessoas físicas e empresas, os juros médios em fevereiro ficaram em 26,9% ao ano, informou o Banco Central.
Nas operações com recursos livres (excluindo BNDES, crédito rural e imobiliário, que utilizam fontes de recursos definidas por lei), os juros subiram pelo terceiro mês consecutivo e alcançaram 42,2% ao ano.
Já nos empréstimos para pessoas jurídicas, a taxa média foi de 22,2% ao ano. Para as pessoas físicas, foi de 57,7% ao ano.
Spread bancário
O spread bancário, que é a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes, avançou em fevereiro. Nas operações com pessoas físicas, aumentou 1,2 ponto percentual e alcançou 27,1 pontos. Já nas operações com pessoas jurídicas, cresceu 0,3 p.p e chegou a 11,1 pontos.
O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.