Assessoria Uniderp/LD
Depois do alto resultado de junho, o Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) de julho desacelerou e fechou o mês em 0,33%, de acordo com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes) da Uniderp. O indicador, que representa a inflação local, foi bem menor que o penúltimo levantamento, quando ficou em 1,17%, motivado pela greve dos caminhoneiros.
Na avaliação do coordenador do Nepes/Uniderp, Celso Correia de Souza, esse resultado não aparentou reflexos significativos causados pela paralização da categoria de transportadores, realizada em maio, como se era esperado. "O índice está dentro de uma certa normalidade, visto que outros meses deste ano já apresentaram taxas similares e julho é um período de inflação baixa", analisa o professor. No comparativo entre os sete meses de 2018, este é o terceiro maior indicador do ano e bem superior a julho de 2017 (-0,27%).
Os grupos que mais contribuíram para a elevação da inflação no mês passado foram: Vestuário, com taxa de 1,65% e contribuição de 0,25%; Habitação, com índice de 0,53% e participação para o índice de inflação de 0,17%; Despesas Pessoais, com indicador de 1,06% e colaboração de 0,09%; Transportes, com índice de 0,50% e contribuição para o cálculo geral de 0,07%; e o grupo Saúde, com índice de 0,17% e contribuição de 0,01% para a inflação.
Apenas dois grupos apresentaram deflações, segurando o crescimento da inflação do mês. São eles: Alimentação, com deflação de (-1,81%) e contribuição para o índice de inflação de (-0,25%) e Educação, com deflação de (-0,25%) e contribuição para o índice de (-0,07%).
No acumulado dos sete primeiros meses de 2018, a inflação totaliza 2,44% e em 12 meses está em 4,05%, muito próxima do indicador estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CNM): 4,5% como meta da inflação para este ano. "Não dá para afirmar que a inflação ficará abaixo dessa meta, como aconteceu no ano passado, em que o acumulado anual foi de 2,60%. Mas como a tendência da inflação de Campo Grande é de queda frente ao resultado expressivo de junho, existem possibilidades de que chegaremos em dezembro com uma taxa abaixo dos 4,5%. A greve dos caminhoneiros atrapalhou o governo na condução da inflação, que vinha em um ritmo muito bom, de primeiro mundo", avaliou Celso.
O pesquisador também elenca outros fatores que podem impactar em um patamar de inflação acima do que o previsto pelo CNM. "O alto valor do dólar provoca o aumento de alguns produtos importados - como o trigo, máquinas de alta precisão, eletroeletrônicos e gasolina – e pode favorecer às exportações brasileiras de grãos, carnes, etc., piorando a oferta interna e, consequentemente, aumentando os seus preços localmente, elevando a inflação", contextualiza. Situações como o nível de desemprego e as altas taxas de juros praticadas no Brasil, o que provoca o endividamento da população e freia o consumo, inclusive, de alimentos, pode ajudar a controlar a inflação, segundo Celso.
Maiores e menores contribuições
Os 10 "vilões" da inflação, em julho:
• Clube, com inflação de 7,73% e contribuição de 0,10%;
• Leite pasteurizado, com inflação de 9,64% e contribuição de 0,10%;
• Frango congelado, com inflação de 6,55% e participação de 0,09%;
• Sabão em pó, com variação de 4,05% e colaboração de 0,06%;
• Gasolina, com acréscimo de 1,62% e contribuição de 0,06%;
• Pescado fresco, com variação de 10,07% e colaboração de 0,06%;
• Acém, com acréscimo de 5,49% e contribuição de 0,04%;
• Calça comprida feminina, com reajuste de 4,31% e participação de 0,04%;
• Paleta, com elevação de 6,74% e colaboração de 0,04%.
• Aluguel apartamento, com acréscimo de 0,57% e contribuição de 0,03%;
Já os 10 itens que auxiliaram a reter a inflação, com contribuições negativas foram:
• Batata, com deflação de -35,38% e contribuição de -0,14%;
• Tomate, com redução de -47,71% e colaboração de -0,13%;
• Alcatra, com decréscimo de -6,67% e contribuição de -0,13%;
• Contrafilé, com baixa de -7,45% e colaboração de -0,09%;
• Cebola, com queda de -49,00% e participação de -0,07%;
• Cenoura, com redução de -44,56% e contribuição de -0,05%;
• Camisa masculina, com decréscimo de -7,32% e colaboração de -0,04%;
• Laranja pera, com queda de -17,17% e participação de -0,04%;
• Vestido, com diminuição de -6,37% e participação de -0,03%;
• Calça comprida masculina, com baixa de -2,97% e contribuição de -0,03%.
Segmentos
O grupo Habitação, que possui o maior peso de contribuição para o cálculo do índice mensal, apresentou inflação 0,53%, puxada pelos preços de produtos de limpeza. Entre os destaques de majorações estão: água sanitária (6,02%), sabão em pó (4,05%), lustra móveis (3,48%), entre outros com menores aumentos. Quedas de valor ocorreram com: esponja de aço (-5,67%), álcool para limpeza (-1,09%), vassoura (-0,61%), entre outros produtos.
Contrariando o comportamento dos últimos dois levantamentos, julho revelou deflação do grupo Alimentação, de - 1,81%. O indicador é considerado comum para o período do ano, pois nessa época, o clima fica mais ameno, favorecendo a produção de hortaliças e frutas, baixando os seus preços. "Esse grupo sofre muita influência de fatores climáticos e da sazonalidade da produção. Alguns produtos aumentam de preços aos términos das safras, outros diminuem de valor quando entram na colheita. Quando o clima prejudica também há aumentos de preços, ocorrendo o contrário quando o clima se torna favorável às produções", complementa o professor Celso.
Os maiores aumentos de preços que ocorreram em produtos desse grupo foram: cheiro verde (17%), linguiça fresca (14,83%), presunto (13,77%), entre outros. Fortes quedas de valor foram identificadas com: cebola (-49%), tomate (-47,71%), cenoura (-44,56%), entre outros.
Dos quinze cortes de carnes bovina pesquisados pelo Nepes/Uniderp, nove aumentaram de preços. São eles: paleta (6,74%), acém (5,49%) fígado (4,09%), picanha (1,86%), costela (1,55%), peito (1,50%), vísceras de boi (0,88%), cupim (0,79%) e patinho (0,19%). Quedas de valor aconteceram com: contrafilé (-7,45%), alcatra (-6,67%), coxão mole (-4,99%), lagarto (-1,93%), músculo (-2,83%) e filé mignon (-0,76%). Quanto a carne suína, todos os cortes tiveram majorações. O pernil subiu 7,51%, a bisteca 6,81% e a costeleta 6,49%. O frango resfriado teve aumento de 6.55% e os miúdos de 2,49%.
O grupo Transportes apresentou alta de 0,50% devido a elevações no preço dos combustíveis: a gasolina majorou 1,62% e o etanol 0,02%. O pneu foi outro item que teve aumento: 0,79%.
A Educação fechou julho com índice de - 0,25%, devido a quedas de preços em artigos de papelaria, de -1,56%.
O grupo Despesas Pessoais fechou em 1,06%. Entre os itens com elevação estão: mensalidade de clube (7,73%), xampu (2,41%), sabonete (0,85%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com hidratante (-2,74%), produto para limpeza de pele (-1,27%), serviço de cartório (-1,07%), entre outros.
Já o grupo Saúde encerrou o mês 0,17% de aumento, devido à elevação do antigripal e antitussígeno (5,64%), material para curativo (0,39%) e vitamina e fortificante (0,04%). Houve redução do anti-inflamatório e antirreumático (-0,31%)
Finalizando o estudo, Vestuário também apresentou alta de 1,65%. Os aumentos de preços em destaque nesse grupo são: camiseta feminina (7,46%), saia (5,92%), lingerie (5,90%), entre outros com menores aumentos de preços. Quedas de preços ocorreram com os seguintes produtos: camisa masculina (-7,32%), vestido (-6,37%), camiseta masculina (-5,07%), entre outros com menores quedas de preços.
IPC/CG
O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O IPC busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior, de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A Uniderp divulga mensalmente o IPC/CG via Nepes.