Agência Brasil/LD
Mais de um terço dos consumidores não conseguiram pagar todas as contas em fevereiro e 58,5% pretendem cortar gastos em março. É o que mostra o novo Indicador de Uso de Crédito e de Propensão ao Consumo, elaborado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL).
O objetivo da pesquisa mensal é reunir dados sobre a evolução da utilização de crédito e do consumo. De acordo com o indicador, 58,5% dos consumidores pretendem cortar gastos em março, enquanto 30,9% afirmam que manterão as despesas e somente 5,5% disseram que irão aumentá-las.
“O aperto decorre, em parte, da crise econômica, mas também pode estar relacionado às despesas típicas de início de ano, como os tributos e, em alguns casos, a fatura das comemorações de fim de ano”, diz o relatório do indicador.
Contas no vermelho
O levantamento também mostra que mais de um terço dos entrevistados (34%) não conseguiram pagar todas as contas em fevereiro. Quase metade (49%) não teve sobras, nem falta de dinheiro, e 15% estão com sobras, sendo que 11% pretendem guardar o excedente e 4% querem gastar.
Entre os itens que os consumidores tencionam comprar no próximo mês estão os itens de farmácia (33%), recarga de telefone (28%), itens de vestuário (27%), perfumes e cosméticos (21%), e serviços de salão de beleza, citados por 11% dos entrevistados.
Uso de crédito
O estudo também busca medir, numa escala de zero a 100, a utilização de crédito pelos consumidores, como empréstimos bancários, financiamentos, cartões de crédito, de loja, crediários e limite do cheque especial.
Quanto mais próximo de 100 estiver o indicador, maior o uso do crédito; quanto mais distante, menor a utilização. Em fevereiro, foram registrados 27,9 pontos.
Em termos percentuais, 43% dos consumidores disseram ter utilizado algum tipo de crédito em janeiro, sendo que o cartão de crédito foi a principal modalidade (39%, com gasto médio de R$ 805,73), seguido de cartão de loja e crediário (14%, com gasto médio de R$ 336,37) e limite do cheque especial (6%). Houve também utilização de empréstimos (5%) e financiamentos (3%).
Entre aqueles que utilizaram cartão de crédito, a maioria usou em itens de necessidade: 57% para alimentação ou supermercado, 45% farmácia ou remédios, 34% itens de vestuário e 29% para combustível.
Entre os que usaram crediário, os itens mais adquiridos foram de vestuário (42%), alimentos (24%), eletroeletrônicos (10%) e eletrodomésticos (8%) – geralmente as lojas oferecem crediários por meio de carnê ou cartão de crédito próprio.
Já entre os que têm financiamentos, 20% utilizaram para comprar carro, 17% para eletrodomésticos, 9% para apartamento, 9% faculdade e 9% para móveis. Com relação ao acesso ao crédito, 46% dos entrevistados disseram ter cartão de crédito, 28% possuem cartões de loja ou crediário e 19% têm cheque especial à disposição. Também são citados empréstimos (17%) e financiamentos (18%), ambos com parcelas em aberto.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, alertou hoje (6) para o cuidado em tomar empréstimos que possam resultar em inadimplência. “Antes de usar qualquer tipo de crédito, é importante avaliar se a compra é mesmo necessária. Caso a compra seja inadiável, o consumidor deve buscar informação sobre as taxas de juros e verificar se as parcelas caberão em seu orçamento”, disse.
E no caso do cartão de crédito ou do cheque especial, é preciso ficar atento para as taxas de juros. “Se a modalidade de crédito escolhida for cartão de crédito ou cheque especial, o cuidado deve ser redobrado, pois as taxas são de 400% e 300% ao ano, respectivamente”, disse.
Como é a metodologia
A pesquisa abrangeu 12 capitais das cinco regiões brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém.
Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. Segundo o SPC e a CNDL, os dados foram coletados em fevereiro pela internet e presencialmente. A margem de erro é de 3,5 pontos.