\n \n Hoje, mais do que nunca, Amélia é uma “mulher de verdade”. Calma, não\n voltamos ao tempo da vovó. É que as mulheres casadas, aquelas que antes se\n dedicavam apenas ao lar e que, com o passar dos anos, estudaram,\n qualificaram-se e disputaram espaço com os homens nas empresas, andam\n valorizadas no mercado de trabalho. \n \n A The Impact of Civil Status on Women’s Wages in Brazil, pesquisa feita pelo\n Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), revelou que, em Mato Grosso do Sul,\n elas chegam a ganhar 9,2% a mais que as coabitantes (sem união formal) e 0,8% a\n mais que as solteiras.\n \n De acordo com o estudo, uma mulher casada no Estado recebe em média R$ 3,53 por hora,\n enquanto uma solteira ganha R$ 2,70 e uma coabitante R$ 2,16 pelo mesmo período\n de trabalho. A média anual de salários é de R$ 5.935,00; R$ 4.616,00 e R$\n 3.639,00, para cada estado civil, respectivamente.\n \n O estudo do Insper, fundamenta-se em dados da Pesquisa Nacional por Amostra\n se Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística\n (IBGE). De acordo com a instituição, o resultado encontrado no Brasil é bem\n diferente do verificado em outros países.\n \n “Pesquisas, nos Estados Unidos, por exemplo, mostram o contrário. Lá, as\n mulheres casadas são vistas como menos comprometidas com o trabalho, justamente\n porque a mentalidade é de que o estado civil faz com que elas se dediquem mais\n à família e, por isso, chegam a receber 34% menos que as solteiras”, explica a\n economista Carolina Flores Gomes.\n \n Segundo ela, embora 76,9% do salário das mulheres se deva ao nível de\n escolaridade, o quesito que torna as casadas mais valorizadas no mercado de\n trabalho frente a uma solteira, por exemplo, é totalmente cultural.\n \n De acordo com a economista, as mulheres casadas são consideradas pelas\n empresas como mais responsáveis, que se dedicam mais ao emprego porque precisam\n mantê-lo, uma vez que ele é importante para o sustento do lar.\n \n “Já as solteiras são vistas como pouco comprometidas, pois, aparentemente,\n não têm vínculos, não têm pessoas que dependem delas e daquele trabalho. E, no\n caso das coabitantes, o fato da união não ser formal, dá impressão maior ainda\n de “descompromisso”, por não aparentar responsabilidades firmadas”, afirma a\n economista, ao explicar a discrepância de salários entre as mulheres\n sul-mato-grossenses de diferentes estados civis.
\n Brasil\n \n O cenário não ocorre apenas em Mato Grosso do Sul. Em todo o País, as casadas\n têm remuneração superior a das solteiras e coabitantes. Segundo a professora do\n Insper, Regina Madalozzo, a pesquisa detectou diferença de até 15% no\n rendimento entre casadas e solteiras. E, entre casadas e coabitantes, a\n variação é de 3%.\n \n “O casamento sinaliza para a sociedade alguma segurança. Os agentes de\n mercado vêem as casadas como mulheres que conduzem suas vidas de forma mais\n séria e menos dispostas a aventuras, o que reflete na remuneração oferecida”,\n comentou Regina, que há dez anos pesquisa a situação da mulher no mercado de\n trabalho brasileiro.nbsp;