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As vendas do comércio varejista brasileiro voltaram a ter resultados positivos e cresceram 0,8% no primeiro mês de 2015, em comparação com dezembro de 2014, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No último mês do ano passado, o setor havia mostrado queda de 2,6%.
Na comparação com janeiro do ano passado, a alta foi de 0,6%, a mais baixa para o mês desde 2003, quando o varejo recuou 4,5%. Em 12 meses, o indicador tem alta de 1,8%.
“Mesmo com alguns setores sendo beneficiados por alguns fatores, as promoções pós-natal, se comparado com o mesmo período dos últimos anos, está bem abaixo. No ano passado foi 6,4%. Foi o pior janeiro, influenciado por veículos”, analisou Juliana Vasconcellos, gerente de serviços e comércio do IBGE.
De dezembro para janeiro, aumentaram as vendas de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (12,3%); móveis e eletrodomésticos (2,4%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,4%) e tecidos, vestuário e calçados (1,3%).
“Ano de 2015 iniciou com recuperação do comércio. No sazonal, cinco atividades apresentaram crescimento, com destaque para equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação cresceu 12,3%. Essa atividade é muito volátil. Pode ter acontecido uma promoção pós-natal, porque dezembro não foi o que a gente esperava. Foi um dos piores natais dos últimos anos”, explicou Juliana.
Na mesma base de comparação, caíram as vendas de material de construção (-0,1%); veículos e motos, partes e peças (-0,5%); livros, jornais, revistas e papelaria (-0,6%); e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,7%).
Quando os dados são comparados com o mesmo período do ano anterior, o desempenho por setor fica diferente. Cresceram as vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico (4,7%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (19%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (5%), entre outras.
Tiveram queda os setores de móveis e eletrodomésticos (-3,1%); livros, jornais, revistas e papelaria (-10,4%); e tecidos, vestuário e calçados (-0,7%).
A especialista do IBGE explicou que a queda de 10,4% em livros jornais, revistas e papelaria ocorreu “além dos preços serem altos, o setor que está tendo substituição, revistas e livros estão passando a ser consumido pelo meio eletrônico. Ele já vem desde o ano passado sofrendo queda”.
“Combustíveis [o item] subiu 2,4%, em 12 meses e o IPCA subiu 7,1%. Os preços dos combustíveis estão crescendo abaixo da inflação. Móveis e eletrodomésticos caíram -3,1%, você tem ai um setor que teve um incentivo do governo muito grande”, apontou a especialista do IBGE.
De acordo com o IBGE, o que mais contribuiu para esse resultado foram as vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui lojas de departamentos, joalheria, artigos esportivos e brinquedos
“O quadro de janeiro continua como terminou 2014. Crédito, rendimento crescendo menos, famílias com expetativa e rendas comprometidas por outros [itens]. O crédito, segundo o Banco Central, era de 7,5% em janeiro de 2014 e passou para 5,1%.”
Varejo ampliado “Se eu comparar as vendas de janeiro 2015 com 2014 tenho queda de menos 4,9%, puxado por veículos, -16,6%. Está nítido que os veículos estão com saturação, após vários incentivos do governo, conjuntura favorável, retorno do IPI”, analisou Juliana Vasconcellos.
Receita Em janeiro de 2015, a receita nominal do comércio (balanço entre receitas e despesas, sem considerar a inflação) cresceu 1,3% e, no acumulado no ano, o avanço foi de 6,4%.
Roraima tem a maior alta O comércio mostrou expansão na maioria dos estados brasileiros na comparação anual, com destaque para Roraima (26%); Amapá (18,4%); Rondônia (8,9%); e Acre (8,3%).
“Essas cidades são muito pequenas, então, são poucas empresas em atividade. Qualquer aumento, vai fazer diferença, mas isso não significa que tenha relevância [em relação ao resto do país].”
Em São Paulo, as vendas cresceram 1%; no Rio de Janeiro, 2,5%; Paraná, 3,6%; e Santa Catarina, 2,2%.
Frente a dezembro, as maiores altas partiram do Amapá (8,6%); de Sergipe (4,2%); do Piauí (3,4%); do Distrito Federal (2,7%); e do Ceará, com 2,4%.